BE e PS acusam Passos Coelho de "empobrecer" o país
Esquerda revoltada com declarações do primeiro-ministro sobre o salário mínimo.
No período de declarações políticas, a deputada Mariana Aiveca, do BE, atacou o primeiro-ministro, Passos Coelho, por ficar “enfadado” perante os números do desemprego. “Não há melhor exemplo do fanatismo ideológico e insensatez que tomou, decididamente, conta do Governo”, afirmou a deputada, sustentando que “a defesa de um salário mínimo de miséria não foi um deslize do primeiro-ministro”. O caminho do Governo tem sido “diminuir o rendimento disponível das famílias”. A deputada recordou ainda a posição assumida pelo líder da Juventude Centrista em 2007, que não identificou, que defendia a abolição do salário mínimo.
Na resposta, o deputado do PSD José Manuel Canavarro afirmou que o primeiro-ministro “fez uma referência à descida do salário mínimo no contexto irlandês”, mas “rejeitou essa possibilidade no contexto português”. O deputado social-democrata assumiu como mérito do Governo “reconhecer que nem tudo correu bem” e é nesse sentido que as políticas activas de emprego vão estar na agenda da concertação social.
Na bancada do CDS-PP, Artur Rego rejeitou que a abolição do salário mínimo tenha sido alguma vez a posição oficial do partido. Assumindo uma posição pessoal, o deputado disse não se opor ao aumento do salário mínimo nacional.
Pelo PS, o deputado Nuno Sá assinalou a aparente contradição entre a posição do primeiro-ministro e "o ministro da Economia que está na concertação social e que tem como ponto de ordem de trabalhos o aumento do salário mínimo".
Mas foi a contradição da posição dos socialistas que o PCP sublinhou.
O deputado Jorge Machado lembrou que o PS assumiu recentemente “uma abstenção violenta” na proposta do PCP para aumentar o salário mínimo que quantificou em 432 euros líquidos, “uma vergonha nacional”.
As declarações do primeiro-ministro foram também o alvo da declaração política do PS, pela voz de Alberto Martins, que considerou a posição de Passos Coelho no Parlamento “inqualificável”. “O contributo ideal do primeiro-ministro para Portugal seria assim reduzir o salário mínimo nacional, o que demonstra querer aumentar a competitividade, pela via dos baixos salários. Isto diz tudo sobre a inacreditável insensibilidade social do primeiro-ministro. Coisa nunca vista”, apontou Alberto Martins. O antigo ministro socialista exortou: “É preciso parar esta política que só nos conduz ao empobrecimento.”
A resposta do PSD veio em tom irónico. Adão e Silva congratulou-se por dialogar com um “ex-ministro” do Governo de José Sócrates que “assinou este memorando” e prometeu aumentar o salário mínimo para os 500 euros.