Apenas Ana Gomes e Elisa Ferreira se mantêm na nova lista do PS às europeias
Dirigentes socialistas admitem chegar aos dez deputados. Direcção tem analisado sondagens para suportar expectativas.
À saída, o cabeça de lista, Francisco Assis, congratulou-se com a qualidade da lista, destacando a “preparação específica” dos candidatos como a mais adequada para afirmar o projecto do PS "para a Europa e para Portugal”. E recusou definir o número de eurodeputados que o PS estabelecia como meta eleger, “como se isto fosse um campeonato de futebol - que não é”, comentou.
"Não quero quantificar, porque isso é uma especulação completamente inútil. Um bom resultado é ganhar e eu estou completamente convencido que estão criadas as condições para que o PS ganhe as próximas eleições ao Parlamento Europeu", declarou Assis que, perante a insistência dos jornalistas, vincou: "Ganhar é ganhar, perder é perder - isso toda a gente sabe."
O deputado socialista considera que a lista aprovada é "muito qualificada do ponto de vista político e da preparação específica dos seus elementos" e concorda com a ideia da necessidade de "renovação" para explicar a saída de quase todos os actuais eurodeputados. Assis diz que a inclusão, em sétimo lugar, do antigo ministro de José Sócrates Pedro Silva Pereira na lista é uma "demonstração de unidade indiscutível do PS".
António José Seguro fez questão de dar conta que, "pela primeira vez na história da democracia, a lista é totalmente paritária". Um requisito estatutário que levou o secretário-geral a colocar Maria João Rodrigues, antiga ministra e actual conselheira europeia, em segundo lugar na lista, seguida pelo ex-líder parlamentar Carlos Zorrinho e pela repetente Elisa Ferreira. O açoriano Ricardo Serrão Santos foi incluído no quinto lugar. O candidato insular tem a investigação marítima no seu currículo, uma das “competências específicas em dossier fundamentais” que Seguro tinha identificado.
À frente de Pedro Silva Pereira, foi ainda incluída a diplomata Ana Gomes. O ex-braço direito de José Sócrates tem atrás de si na lista a madeirense e independente Liliana Rodrigues. Manuel dos Santos, ex-eurodeputado e um dos apoiantes da primeira hora de Seguro, foi colocado em nono, com os lugares potencialmente elegíveis a terminarem com Maria Amélia Antunes, ex-autarca no Montijo. Uma escolha, explicaram ao PÚBLICO, para disputar a eleição com os comunistas.
Ainda que não assumido de forma pública, a expectativa do PS nestas eleições é chegar aos dez deputados. Uma possibilidade que ontem foi analisada no Largo do Rato, depois de conhecida uma sondagem que dava 43% aos socialistas. “Chegamos ao décimo a partir dos 38 por cento”, calculava-se na sede do PS.
A lista de 21 nomes tem ainda a característica de ter todas as distritais representadas. O processo de escolha dos nomes foi liderado de forma sigilosa pelo próprio secretário-geral do PS. Ainda assim, desde cedo (logo após as autárquicas), dois nomes surgiram como garantidos. O ex-adversário de Seguro, Francisco Assis, e Carlos Zorrinho foram premiados pelo apoio ao novo líder do partido.
Já depois de confirmado que Assis seria o cabeça de lista, surgiu como provável a inclusão do antigo braço direito de José Sócrates, Pedro Silva Pereira, entre os candidatos. Um nome para dar peso e conciliar sensibilidades internas. E para cumprir, na perspectiva do líder socialista, dois critérios que impôs a si próprio: qualidade e renovação. A renovação da lista também passa por Fernando Moniz, antigo líder da Federação Distrital de Braga do PS, que ocupa o 11.º posto, e por Isabel Coutinho, presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas, no lugar seguinte.
A renovação, no entanto, não foi total, mantendo-se na lista Ana Gomes e Elisa Ferreira. Esta última levou mesmo o presidente do Parlamento Europeu e candidato socialista à presidência da Comissão Europeia, Martin Schultz, a interceder pela sua manutenção.
Seguro também estipulou que os próximos eurodeputados do PS teriam de ter “competências específicas em dossiers fundamentais”, que priorizou no Emprego, União Económica e Monetária (UEM) e Mar. A Europa apontava para Maria João Rodrigues. E depois era também necessário ter em conta os indefectíveis do secretário-geral, cuja quota era dada como preenchida pelos nomes de Manuel dos Santos e do deputado José Junqueiro (que surge em 13.º lugar).
De fora ficam assim Edite Estrela, Vital Moreira, Correia de Campos e Capoulas Santos. A inclusão de Eduardo Lourenço no 21.º lugar coloca o ensaísta no lugar de último candidato efectivo.
Capoulas Santos admite que não tinha "o perfil adequado"
No final da reunião da Comissão Política Nacional, alguns dos eurodeputados preteridos reagiram de forma diferente à sua exclusão da lista. Capoulas Santos, depois de definir a lista como "excelente", reconheceu a derrota. "A leitura que eu faço é que não era o adequado às qualidades definidas".
"O meu perfil não se enquadra nas prioridades que foram definidas, mas reconheço que é uma boa lista, e a prova disso é que foi aprovada por unanimidade", afirmou o ainda eurodeputado, que admitiu que se tivesse sido convidado "pensaria no assunto".
Edite Estrela, que ainda há poucos dias assumia a esperança de continuar no Parlamento Europeu, onde é eurodeputada desde 2004, saiu da sede do PS acompanhada por Pedro Silva Pereira e optou por não fazer qualquer declaração.