"Sem dúvida nenhuma" sobre presidenciais, Guterres visita Sócrates na cadeia
Quase hora e meia de conversa com o "amigo", o Alto Comissário para os Refugiados não quis dizer nada aos jornalistas para não parecer que ia "para falar à comunicação social".
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados chegou ao portão do Estabelecimento Prisional de Évora por volta das 15h30 para visitar o antigo primeiro-ministro que ali se encontra desde finais de Novembro, em prisão preventiva. E só saiu às 16h50, de forma apressada, tendo, de acordo com as imagens transmitidas pelas televisões, entrado no carro que o esperava sem fazer declarações.
À entrada, António Guterres também se recusara a responder às perguntas aos vários jornalistas que se concentravam junto ao portão, afirmando que foi "visitar um amigo".
Questionado sobre se ainda tem dúvidas sobre uma eventual candidatura a Belém, Guterres respondeu, em andamento, que "já não há dúvida nenhuma" acerca disso e acrescentou não estar ali "para falar sobre esse assunto".
Enquanto tentava desviar-se do caminho das câmaras e jornalistas de microfone em punho, afirmou encontrar-se numa "visita privada" e argumentou que por isso não deve falar sobre outros assuntos. "Se não, daria a entender que eu tinha vindo não visitar um amigo mas para falar à comunicação social", respondeu.
"Vim numa visita privada e quero que esse carácter seja respeitado. Estou aqui para visitar um amigo e não para fazer política", não se cansou de repetir.
O antigo líder do PS e primeiro-ministro entre 1995 e 2002, fora uma das personalidades socialistas a deslocar-se a Évora, onde esteve ao 10º dia de detenção de José Sócrates. Já então esteve no edifício durante meia hora e à saída limitou-se a dizer que encontrou o ex-primeiro-ministro "muito bem". No mesmo dia do início de Dezembro do ano passado, e logo a seguir a António Guterres, José Sócrates recebeu também a visita do antigo presidente da Câmara do Porto, Fernando Gomes, que disse acreditar "profundamente na sua inocência".
José Sócrates está preso desde 25 de Novembro, num processo em que está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção.