Ana Gomes dançou contra a violência contra as mulheres
Violência contra mulheres e crianças levou deputadas europeias a dançar. No dia 14 espera-se que milhões sigam a iniciativa.
A iniciativa inscreveu-se nos esforços desenvolvidos pela americana Eve Ensler, autora da célebre peça Monólogos da Vagina e activista global em favor da protecção das mulheres, para a mobilização de mil milhões de pessoas em todo o Mundo a dançar nas ruas no dia de São Valentim.
Ensler, que se congratulou com o elevado grau de mobilização que, segundo afirmou, tem observado em todo o Mundo, a começar pelos países asiáticos, participou igualmente na dança desta terça-feira, em que as protagonistas exibiram chapéus de chuva brancos com o símbolo do Dia-V (V-Day) pintado a encarnado.
A eurodeputada socialista, em conjunto com outras dez deputadas, já tinha protagonizado uma representação dos Monólogos da Vagina nas instalações do PE em Março do ano passado. "Logo nessa altura, decidimos que este ano iríamos participar activamente no projecto que Eve Ensler já tinha em marcha que é levantar mil milhões de cidadão em todo o Mundo", explicou Ana Gomes no final da manifestação desta manhã.
Ensler "tirou a ideia de pôr as pessoas a dançar nas ruas do que viu na República Popular do Congo, em que as mulheres são particularmente seviciadas com todo o tipo de violência, violação colectiva e todo o tipo de humilhações e que, para se conseguirem extrair dessas indignidades e terem força para continuarem a educar os filhos, para continuarem a viver na comunidade, dançam colectivamente. Isso dá-lhes muito controle sobre o seu corpo, dá-lhes muita energia colectiva o que, de facto, tem um efeito benéfico sobre todas as pessoas que participam. Daí a ideia, e nós decidimos juntar-nos hoje e participar nesta acção, com a presença de Eve Ensler".
Segundo Ana Gomes, cada um dos membros do grupo, a que se juntou Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, assumiu o compromisso de "pôr o seu país a participar neste movimento global". Para isso, a deputada explicou que contactou uma série de associações de protecção das mulheres para a manifestação que decorrerá na tarde de 14 de Fevereiro no Martim Moniz, em Lisboa. "Vamos usar o São Valentim para este propósito progressista, e vamos convidar homens e mulheres decentes para se mobilizarem contra esta indecência que é a violência sexual e de outro tipo contra as mulheres".
Segundo Ana Gomes, "num país como o nosso em crise, mais sentido faz que as pessoas se mobilizem e exijam do Estado, dos agentes do Estado, das polícias, uma intervenção para não deixar imunes os criminosos responsáveis por estes crimes".