“Alternativa” de Assis é para “o próximo Congresso” do PS
João Proença, Álvaro Beleza, Mota Andrade e Brilhante Dias entre os que vão participar no encontro anunciado pelo eurodeputado.
O próximo Congresso socialista – anunciado pelo actual líder para depois das presidenciais – vai ser de confrontação. Quem o confirma são os dirigentes socialistas que vão participar no encontro anunciado pelo eurodeputado Francisco Assis, que é visto como o primeiro passo para uma candidatura à liderança no PS.
João Proença, ex-secretário-geral da UGT e ex-membro da direcção de António José Seguro, confirmou a sua presença no encontro que deverá realizar-se até ao próximo fim-de-semana e explica o objectivo. “É fundamental preparar uma alternativa para o próximo Congresso”, disse ao PÚBLICO antes de acrescentar que via o eurodeputado como o “melhor colocado” para desafiar António Costa.
A intenção do encontro, explicou Proença, é mostrar “ao eleitorado” que existe, no seio do PS, quem veja “com grande preocupação” a opção de negociar um acordo à esquerda e quem esteja disponível – como frisou Mota Andrade – para fazer uma “reflexão sobre toda a situação política que temos no país”. O líder distrital de Bragança confirmou também a sua presença na reunião, admitindo que a razão que o leva a participar são as “implicações” que terá o acordo à esquerda. “Cada um tem de assumir as suas responsabilidades. A actual direcção em relação ao acordo, os restantes em relação às dúvidas que têm sobre este”, acrescentou o líder da federação distrital de Bragança.
Ricardo Gonçalves, que foi um dos mais próximos apoiantes da anterior direcção, classificou o encontro como uma “evolução lógica” das tomadas de posição de Francisco Assis. O ex-deputado frisou que a intenção “não é fazer um comício”, mas antes “manifestar o desacordo” em relação “ao rumo que se está a tomar no PS” e começar a “espalhar o movimento” pelo país. Gonçalves acrescenta que nas próximas semanas a corrente deverá trabalhar para angariar apoios “em todos os distrito” depois da manifestação de “pessoas representativas” em relação à opção de António Costa. “E se não se encontrar uma posição mais consensual [no interior do PS] até às presidenciais teremos que apresentar uma candidatura ao partido”, avisa.
Esse consenso não parece, contudo, estar entre as expectativas dos participantes. Mota Andrade mostrou-se muito crítico sobre a falta de explicações da direcção. “Eu pergunto, até ao momento, quem é que já pensou sobre este assunto”, disse antes de acusar Costa de não ter promovido um debate interno no PS sobre se o acordo à esquerda era o caminho a seguir.
João Proença vai mais longe. Assevera que a possível aliança com o BE e PCP é apenas “um dos motivos” para a iniciativa. Acusa Costa de nunca ter pretendido realmente um acordo com a coligação e de ter tido sempre em mente um acordo à esquerda. Um risco, explicou, por estar convencido que o BE e PCP “vão provocar divisões significativas na condução das políticas governativas” do possível Executivo liderado pelo PS.
Mas Proença acrescenta outras razões para o confronto interno. Desde que foi eleito,“António Costa cimentou a divisão interna”, avalia o ex-líder da UGT, lembrando a elaboração de “listas sectárias” nas candidaturas ao Parlamento.
E assim, um conjunto de dirigentes e de bases partidárias deverão concentrar-se no centro do país. A maior parte da liderança de Seguro estará presente. Além de Proença, deverão comparecer os também membros do anterior secretariado como Álvaro Beleza e Eurico Brilhante Dias. Mas não só. Também se pretende a comparência de “pessoas que conhecem bem a máquina do partido”, reconhece Mota Andrade. Dois ex-líderes distritais do Algarve e Viseu – Miguel Freitas e José Junqueiro – também deverão marcar presença.