Candidatos da Aliança Portugal assumem derrota mas rejeitam euforia do PS

Paulo Rangel recusa que haja vitória histórica do PS.

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Paulo Rangel e Nuno Melo assumiram a derrota Daniel Rocha

“Sendo absolutamente claro que o PS ganhou as eleições e que a Aliança Portugal perdeu as eleições, nada autoriza, admite a mistificação que o PS e Francisco Assis ensaiaram às 8 da noite. Digo isto com alguma preocupação democrática”, afirmou o número um da lista. “Mesmo que se confirmassem as melhores projecções não são de molde a exaltação, nem a vitória histórica, basta comparar históricos”, acrescentou, tendo cumprimentado o PS e Francisco Assis pela vitória.

Paulo Rangel considerou que a reacção do PS foi um “condicionamento da opinião pública” e referiu que “se olharmos para muitos dos governos em funções na Europa [os resultados] são comparativamente interessantes”.

Nuno Melo, o candidato do CDS, indicado em quarto lugar, salientou a mesma ideia: “A vitória do PS é óbvia mas não justifica triunfalismos”.

O vice-presidente do CDS sublinhou que “o PS fica muito abaixo dos 34%", o resultado de 2004. E relembrar que o PS venceu as legislativas, depois de ter perdido as europeias em 2009.

Tal como Rangel já o tinha feito, Nuno Melo mostrou-se preocupado com a abstenção. “Dois terços do país não foram votar”, disse, lembrando que o fenómeno não é exclusivamente português.

Na sala, a acompanhar os dois candidatos estavam ministros, como Maria Luís Albuquerque e Pedro Mota Soares, além de vários secretários de Estado.
 
Já antes da declaração dos candidatos, a vice-presidente do PSD Teresa Leal Coelho admitiu aos jornalistas que "há penalização para o Governo" nos resultados destas europeias, mas escusou-se a fazer a leitura para as próximas legislativas. 

"Há penalização para o Governo mas o PS também não teve o resultado esperado", afirmou a dirigente, em resposta a perguntas dos jornalistas, no hotel onde a Aliança Portugal está a passar a noite eleitoral. "O PS vai ganhar estas eleições, não obstante a abstenção ser maioritária", disse, lembrando que essa vitória não significa uma outra idêntica nas legislativas de 2015: "O PS há cinco anos teve 26% nas europeias e quatro meses depois venceu as legislativas".

Uma hora antes, as primeiras reacções da Aliança Portugal focaram-se na fragmentação da votação e na preocupação pela abstenção.  

O porta-voz do CDS-PP Filipe Lobo d´Ávila afirmou que as projecções mostram “uma fragmentação mais acentuada” do que é costume “em Portugal”. Carlos Coelho, director de campanha da Aliança Portugal, sublinhou a preocupação “com o número excessivo de portugueses que não foram às urnas”.

“A abstenção aparece a liderar todos os indicadores. É algo que nos deve preocupar a todos”, afirmou Carlos Coelho, na sala de imprensa do hotel. Ao lado, o porta-voz centrista apenas acrescentou que há “uma fragmentação mais acentuada do que estamos habituados em Portugal”, numa referência às projecções que dão como certa a eleição de Marinho e Pinto pelo MPT. Foram duas curtíssimas declarações aos jornalistas, sem direito a perguntas.

No hotel de cinco estrelas escolhido pela Aliança Portugal para passar a noite eleitoral, em Lisboa, o ambiente é de tranquilidade e de alguma expectactiva sobre uma derrota menos pesada. Os jornalistas não puderam aferir a reacção dos dirigentes partidários às projecções avançadas pelas televisões às 20h por não se encontrar ninguém da coligação na sala de jornalistas. Nem elementos das juventudes partidárias. 

O presidente do PSD, Passos Coelho, e o líder do CDS, Paulo Portas, já chegaram ao centro de convenções, separados por cerca de dez minutos e subiram para o primeiro piso, onde está instalado quartel-general da coligação, sem prestarem declarações. Ao que o PÚBLICO apurou trata-se de uma mesma sala para os dois partidos. 

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