Actor Ruy de Carvalho é mandatário de Santana Lopes
O actor, natural de Lisboa, é um dos principais actores do elenco do Teatro Nacional D. Maria II, para onde entrou em 1978. Participou em várias peças de teatro (começou a carreira aos 15 anos como actor amador) e realizou há pouco tempo o seu grande sonho de protagonizar "Rei Lear". Visto como o maior actor português vivo, Ruy de Carvalho é também um homem de lutas. É um dos ferozes opositores da reformulação do teatro D. Maria II que pretende acabar com o elenco fixo, que tem tido ao longo dos anos. Crítico do anterior ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, e muito reticente quanto ao actual, José Sasportes, assume muitas vezes o papel de porta-voz, na qualidade de veterano, dos actores do D. Maria.
Curiosamente, foi convidado pelo então ministro do Trabalho e da Solidariedade, Eduardo Ferro Rodrigues, que chegou a elogiar, para presidente do Conselho Nacional para a Política da Terceira Idade, cargo que aceitou e que o levou, em 1999, para presidir às comemorações do Ano Internacional do Idoso.
Aos 74 anos, Ruy de Carvalho, que se encontra agora a trabalhar em televisão, apesar de reformado, continua activo pois considera que a profissão de actor não é como muitas outras que terminam no dia em que se completa 65 anos.
"Para mim, todos os artistas devem acabar de bengala, sempre artistas. Sempre a fazer coisas, sempre à procura do caminho", dizia, há cerca de 10 anos, numa entrevista à revista "Sábado". De então para cá, muita coisa mudou, mas Ruy de Carvalho continua fiel a estas palavras e, pelos vistos, a uma admiração que terá nascido mais ou menos nessa altura. Ao contrário do que aconteceu com os titulares da pasta da Cultura dos governos de António Guterres, o actor deu-se bem com um secretário de Estado da Cultura de Cavaco Silva, que se chamava Pedro Santana Lopes, e que é hoje o candidato a Lisboa.
"Depois de tantos anos de desinteresse pelo teatro chego à conclusão que o actual secretário de Estado gosta do teatro. É um homem polémico, mas nunca se falou tanto de cultura como agora! (...) Está a tentar ser construtivo e acho uma injustiça muito grande tentar denegrir as coisas apenas por uma questão de cor política. Isso, não faço". Palavras ditas em 1993.