Cartas à Directora

Desumanidade transversal

Li o PÚBLICO de  (9/6) com a habitual atenção e cheguei ao fim "incomodado". Por ele perpassava um "mal estar" que resultava duma série de notícias que tinham si uma "desumanidade" de côr diversa mas muito igual no resumo final. Ainda me sentei para escrever mas um cansaço me invadiu e não me apeteceu autoflagelar-me com mais um minutos de tristeza. Felizmente o editorial do jornal de (10/6) - Os picos de metal da mais vil Europa - veio acicatar-me novamente. Afinal era um pensar acerca de uma só das tais notícias da véspera, todas elas igualmente vis.

De que falo? Para além da tal vileza dos picos de metal para "acolchoar" o chão onde dormem os sem-abrigo de Londres, ainda fiquei a saber que a cada um dos presidentes executivos de 18 empresas do PSI-20 basta trabalhar dez dias para ganhar tanto como um trabalhador com vencimento mensal de 1626 euros (um "milionário" em Portugal...) num ano. E ainda que Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI pensa que África vai beneficiar do investimento quando o custo da mão de obra (leia-se trabalho) subir na Ásia... Toda esta "desumanidade transversal", como bem diz o editorial do PÚBLICO, em que, só na Europa, o número de pobres e excluídos socialmente cresce exponencialmente.

Termino dizendo que, olhando para o "Brasil real" que sai às ruas, o recrudescer do "imperialismo russo", as barbaridades indianas com as mulheres (e a pobreza enorme, eu vi!), nos vão avisando que os "BRICS" afinal são "PIGS", a desumanidade grassa por aí à "tripa forra" devastando toda uma civilização que parece bem estar no seu "pôr do sol" ou melhor no seu... ocaso.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

 

E a culpa é do António Costa

É verdade. Para António José Seguro a baixa do PS verificada nas sondagens é culpa de António Costa. Não há dúvida nenhuma de que o pior cego é o que não quer ver. Por favor expliquem  a esse senhor que a realidade é o que é e, o verdadeiro culpado é ele e só ele. Concluímos que o resultado das europeias não o fez acordar para o que pensa o país real, pretendendo antes acreditar no que lhe dizem os que á sua volta gravitam. Se António Costa é assim tão irresponsãvel, porque será então que António José Seguro não convocou com urgência o congresso? Contradições, medo ou ambição desmesurada de, após uma eventual demissão do governo, poder chegar ainda a primeiro ministro?

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

 

O voto Seguro ou de Costa a Costa

Eu tinha a pior ideia de Seguro até aparecer Costa de quem tinha até boa opinião. Mas eu funciono quase sempre em contra-corrente. E bastou-me ver  a lista de apoiantes de António Costa, para que se fizesse luz dentro de mim. Seguro tem de ter necessariamente algumas qualidades, ainda que eu não esteja a ver quais são, para toda a comunicação social afecta aos grandes grupos económicos e as vozes do regime (Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, José Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite, Santos Silva, José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues, Mário Soares etc.) defenderem a entronização de Costa "custe o que custar". E se se juntar a este painel já, por si, assustador, o barómetro da opinião pública que considera António Costa melhor primeiro-ministro do que Seguro, tenho de concluir forçosamente, mesmo que não saiba porquê, que Seguro é muito melhor primeiro-ministro do que António Costa. E porquê? Porque as escolhas dos portugueses são como o algodão, não enganam. Ou melhor, enganam-se sempre, basta ver as escolhas dos últimos dez anos: Durão Barroso, Sócrates, Cavaco Silva e Passos Coelho. Estou esclarecido. Antes um voto Seguro do que um voto de Costa a Costa.

Santana-Maia Leonardo, Abrantes

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