Cartas à Directora

É mais fácil envelhecer com amigos

"É mais fácil envelhecer com amigos». Este é o título da carta da leitora/cidadã Luísa Barata, do Barreiro, um belo texto publicado neste domingo: "já não nos contrariam quando afirmamos que estamos velhos.  Precisamos todos de óculos para ver ao perto, temos cabelos brancos que às vezes disfarçamos com tintas de cores que nunca foram as nossas (...). Gostamos de estar juntos, festejamos os aniversários  de cada um e desejamo-nos saúde e «amigos também". (...) partilhamos as preocupações quanto ao futuro dos filhos, dos netos, quanto ao nosso futuro. (...) Em comum também temos o medo. (...)"

Sejamos novos ou "velhos", temos algo em comum nestes tempos mais recentes, anos de "austeridade" e troika... É o medo, a preocupação quanto ao futuro. Sobretudo quanto ao futuro dos nossos.

Na mesma página, o médico psiquiatra Pedro Afonso escreve-nos sobre o futuro, justamente: "As nossas vidas tornar-se-iam insuportáveis se prescindíssemos  de planear, sem medo, o nosso futuro". Aliás, todos nós estamos muito interessados nele.

Neste dia de eleições, muitos ficaram em casa, mas muitos outros se arranjaram e se dispuseram a sair de casa (encontrando amigos que não viam há muito - "está mais velho", pensamos) para ir votar. Porque se interessam, porque «querem saber» do nosso país, das suas vidas. A este propósito, a frase de Woody Allen que Pedro Afonso cita, encaixa perfeitamente: "Interessa-me o futuro porque é o sítio onde vou passar o resto da minha vida".
E o resto da minha vida, que começa "dentro de momentos", é muito mais fácil de enfrentar lado a lado com a família e os amigos!!

Não nos esqueçamos dos amigos... O encontro, o estar junto, o festejar, como referia a cidadã Luisa, tem que ser promovido para bem da nossa saúde mental...

Não dependamos tanto dos resultados das eleições para dar sentido e significado à nossa existência.

Céu Mota, Sta Maria da Feira

 

Europeias eleições

Depois de variadíssimas penosas campanhas eleitorais, os discursos despontaram na noite das eleições. E o que foi penoso nesses quinze dias, mais tortuoso se revelou na noite dos aplausos. Tudo previsível, sem chama, sem alma. Até o próprio Marinho Pinto, neste sentido, surpreendeu. Estou em crer que apanhou um dos maiores sustos da sua vida com esta maçada de ter de ir para Bruxelas, apesar de não ser político (ouviu-o afirmar este "cavaquisto" dogma), nem se identificar como um vitorioso.

Tudo, pois, no maior dos mundos atmosféricos: as derrotas podem ser aumentativas e as vitórias podem, similarmente, serem diminuídas. E depois há os empates, os quais são também ganhadores. Isto se compararmos com há quatro anos, ou há seis, ou há dez. Somos, realmente, sui generis. O povo e os políticos, pois estes parte do povo não são.

J. Ricardo, Torre de Moncorvo

 

Crónicas de Vasco Pulido Valente

Brilhantes as últimas crónicas. Na imprensa portuguesa dos últimos anos ninguém escreve tão bem. Dos que me lembro, apenas coloco o Artur Portela Filho no velho República do tempo da outra senhora, no mesmo patamar, e dos alfarrábios, as Farpas e os amigos Lopes de Oliveira e Tomás da Fonseca. Claro que depois do 25 de Abril temos grandes textos de muito boa gente como Francisco Sousa Tavares, Leonardo Ferraz de Carvalho, etc., mas Vasco Pulido Valente elabora os seus textos como se fossem teses sobre um Portugal intemporal. Não serão facilmente esquecidas.

Ricardo Esteves, Lisboa


Sugerir correcção
Comentar