Cartas à Directora

Exortação aos políticos e eleitores

No próximo domingo há que escolher e fazê-lo  bem. Os políticos devem preocupar-se menos em denegrir os concorrentes e mais em apresentar os seus projectos e propostas, mas sem promessas enganadoras, como tantas vezes vem sucedendo. Têm que adoptar como objectivo o progresso do país e o bem estar da população. Ao longo da História, os estadistas que se distinguiram positivamente e são lembrados com admiração foram os mais empenhados em acções construtivas, viradas para a união de esforços, para a paz e o desenvolvimento. Todos os outros foram esquecidos, ou lembrados com horror.

Os eleitores devem estar atentos e não se deixar enganar. Não podem abster-se ou alhear-se do acto. É preciso votar, nem que seja para criar barreira à continuidade dominadora dos grandes partidos, servidos em geral por muitos interesseiros, incompetentes e nada dispostos em lutar contra a corrupção, o desperdício, o desmazelo e a indiferença para com os mais desprotegidos.

António Catita,  Lisboa

 

Francamente, triste e desiludido!

De Gasperi, Monet, Shuman e Adenauer, entre outros, queriam uma Europa que não fosse agregação de recursos económicos e de procedimentos burocráticos; que não dividisse os povos do Norte contra os do Sul, o Oriente contra o Ocidente, os protestantes contra os católicos; que não ressuscitasse as tendências imperialistas herdadas dos sanguinários imperadores romanos, de Hitler ou outros. Queriam uma Europa que soubesse aprofundar a síntese entre o logos dos gregos, a justiça do direito romano e a caridade do cristianismo.

Nestas preocupações, os fundadores da Comunidade Europeia olhavam para a Europa como a Europa dos cidadãos, aberta aos valores da dignidade humana, defensora da solidariedade, da justiça social e da paz, dos direitos humanos, da liberdade e do pensamento crítico, isto é, de tudo o que cimenta a coesão entre povos e constrói a paz.

Mas, a que assistimos nesta campanha eleitoral para o Parlamento Europeu? Nada que tenha a ver com as preocupações dos que construíram a Comunidade Europeia.

Fez-se apenas exposição do que há de pior no ser humano: a intriga, o fanatismo, a boçalidade, a hipocrisia, o charlatanismo e, sobretudo, a demagogia e a palhaçada no seu esplendor. Para completar toda esta traição aos princípios fundadores da Europa, surgiu o Sr. Juncker, que traindo a sua própria condição social, defende o primado do dinheiro e diz que as pessoas são tão importantes como o capital.

Não admira que os eleitores europeus sintam vómitos ao ouvirem esta gente que ignora o que deu sentido à Comunidade Europeia, que não a quer mais coerente com os seus princípios e menos dominada pelos imperialismos que cavaram a sua destruição. E, por isso, as sondagens que já apareceram revelam que um governo de Portugal, tão incompetente, desumano e desastroso como o nosso, pode não ser tão penalizado como o que julgávamos normal e seria justo.

João Baptista Magalhães, Porto

 

O bichinho é manso!

Miguel Torga escreveu o seguinte sobre a nossa maneira de ser: "É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, bebe e diverte-se indignado e não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados."

Durante os últimos três anos, não houve português que não se indignasse com as consequências do memorando da troika assinado por PS, PSD e CDS. Veremos no que dá tanta indignação...

Mas, quando um povo tão indignado consegue reunir mais gente para festejar as vitórias do Benfica do que para lutar pela sua região, pelos seus direitos ou para se opor ao encerramento do tribunal ou do hospital da sua terra, as expectativas não podem ser muito elevadas. Até aposto que tanta indignação vai dar, de certeza absoluta, mais de 60% dos votos aos partidos responsáveis pelo memorando.

Santana-Maia Leonardo, Abrantes

O PÚBLICO ERROU

Manuel Baltazar esteve fugido 34 dias, e não 31, como por lapso referimos na edição de ontem. Pelo erro, pedimos desculpa.

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