Cartas à Directora

O 25 de Abril na Assembleia da República

Em sessão solene esta data será comemorada pelo 40.º aniversário, sem a presença interventiva da Associação 25 de Abril, justa e legítima herdeira dos capitães de Abril. A presidente da AR e a coligação maioritária vetaram o discurso dos militares no Parlamento(!). Não surpreende, esta gente é visceralmente contra os propósitos dos ideais desta data, basta ver a calamitosa destruição social implantada. O 25 de Abril foi o dia mais belo, esperançoso e libertador para o Povo Português e os deputados da maioria, ao não deixarem falar a Associação 25 de Abril, nem reconhecem que nem estariam na AR se não fosse o papel progressista dos capitães de Abril, ou estariam... incorporados na União Nacional! Queriam os militares na AR mansos e mudos ao jeito do 24 de Abril. A sessão solene sem a participação discursiva dos autores directos que desencadearam a Revolução de Abril será incompleta e desvirtuada. Lamenta-se.

 Vítor Colaço Santos, S. João das Lampas

 Dois reptos à nossa sensibilidade

1 – A troika está a exigir mais sacrifícios, para serem anunciados pelo Governo antes da sua saída. Envolvem pensões e reformas, a ficarem dependentes de factores que nada têm com a sua essência, a carreira contributiva. E o Governo, dócil, vai obedecer, depois de ter assegurado à população que não haveria mais agravamentos. Até deu para assistirmos de novo ao espectáculo pungente de já habituais contradições entre membros do Governo, com necessidade de posteriores desmentidos. Quando acaba o servilismo e a incompetência?

2 – Paulo Rangel desafia Seguro a reconhecer erros dos Governos de Guterres e Sócrates e sua responsabilidade na crise que se lhes seguiu. Pretende, assim, centrar culpas nos Governos socialistas e deixar de fora os do PSD. Atitude deselegante e desonesta. Pergunta-se: por que não remonta por exemplo a Cavaco, que deixou passivamente desindustrializar o país e definhar a agricultura e pescas, reinar a corrupção e operar inesperados aumentos na função pública?

António Catita, Lisboa
  

São apenas alertas

Decorreu de 19 a 26 do passado mês de Março em Lisboa a chamada semana da reabilitação urbana. Acompanhei discretamente, mas com muito interesse, o desenrolar dos acontecimentos. A reabilitação dos bairros antigos (históricos) é uma necessidade que se vem sentindo há muito, mas que só nos últimos anos, por via da crise, se está a levar a sério. Muita gente falou – apontou caminhos e projectos, alguns já em curso que merecem todo o respeito e admiração. Há também alguma gente a falar do que não sabe, e, eventualmente, com interesses ocultos. O que verdadeiramente preocupa os portugueses que se interessam pelos valores nacionais é o que efectivamente vai ser feito nos velhos bairros instalados nas colinas de Lisboa (que estão podres – a verdade tem que ser dita), inacessíveis às necessidades do ser humano no século XXI. Isto não se resolve com elevadores e tapetes rolantes.

Reafirmo aquilo que já venho escrevendo há vários anos. O tratamento destes bairros carece de intervenção geral, com levantamento de tudo o que existe e devidamente planificado. É bom não esquecer que este trabalho leva dezenas de anos e nessa altura só seremos cerca de 8 milhões e meio. Lembro, mais uma vez, a necessidade de descontaminar a maior parte daqueles solos. São apenas alertas, não está mais ao meu alcance.

Guilherme da Conceição Duarte, Lisboa

 


                                             

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