Cartas à Directora
"Médicos formados lá fora têm piores notas nos exames para a especialidade"
A peça de Samuel Silva Médicos formados fora do país têm os piores resultados nos exames de acesso à especialidade deve ser contestada pela afirmação nela contida, nomeadamente: “Estes piores resultados na prova de acesso poderão ser explicados pela formação de menor qualidade em algumas das universidades estrangeiras em comparação com as escolas médicas nacionais..”.
É importante que os leitores sejam informados do que é “o exame de acesso à especialidade”.
Trata-se de uma prova que meramente testa a capacidade de memorizar um enorme número de minúcias de uma fracção da Medicina Clínica, contidos em apenas cinco capítulos de um tratado americano com 19 capítulos. Um candidato pode ter uma excelente nota sem saber absolutamente nada de Pediatria, de Obstetrícia e Ginecologia, de Neurologia, de Psiquiatria, de Saúde Pública, etc. Não são testadas a capacidade de comunicação com doentes nem aptidões práticas. É possível ter 100% sem nunca ter aprendido a fazer uma história clínica ou dar uma injecção.
O teste em questão está totalmente desacreditado entre as próprias direcções das faculdades de Medicina nacionais e tem sido objecto de debate ao longo de quase 30 anos, dada a sua iniquidade. Há esperança que, em 2015, o famigerado teste seja finalmente substituído por outro mais sensato, dirigido ao raciocínio clínico em vez da memorização de minúcias. Pergunta-se porquê um teste tão obviamente medíocre sobreviveu tantos anos. A resistência tem partido, curiosamente, dos próprios estudantes. Estabeleceu-se uma cultura de “empinanço” de tal intensidade, desde a escola secundária, que vai ser muito difícil sacudi-la.
O que é indiscutivel é que os resultados do “exame de acesso à especialidade” não têm nada a ver com a “qualidade”, no sentido internacional do termo, dos cursos de Medicina.
José Ponte, Londres
E esta, hein?
Mais uma vez, e ardilosamente, nem todo o mundo laboral activo, nem os reformados e pensionistas foram/são tratados do mesmo modo saqueador que se instalou em Portugal.
E o mais grave de tal desaforo foi/é o insulto feito aos que menos ganham e a todos os espoliados e oprimidos deste mal comandado país, entregue aos maiores saqueadores de toda a sua longeva História.
Então, não é que as mentes brilhantes que deambulam/deambularam pelos gabinetes do Banco de Portugal não podem ser beliscadas nas suas benesses?
E mais: ainda vão ser ressarcidas do pouco que lhes foi retirado, com juros de mora à taxa de 4%!
E esta, hein?
José Amaral, V. N. Gaia