A gangrena do "sistema" partidocrático...

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Só pode alastrar!

Desde logo os partidos são formas essenciais para a formação do quadro de representação. Do quadro de representação base para formar executivos que governem no quadro nacional e oxalá futuramente num quadro federal e europeu.

Sou contra, acho um disparate sem qualquer sentido, as listas de cidadãos para a formação da representação parlamentar.

O que é que essas listas defenderiam? Cada cabeça sua sentença? E os conhecidos populismos sem alma nem ideologia? E como se organizariam? E quem teria a mão no berço, isto é na estrutura cidadã e no cacau, vulgo pilim? E desde logo a irresponsabilidade de não estar com nenhum lado, a não ser defender obscuros interesses cidadãos? Estas listas são do mais puro populismo.

Portanto vamos ser claros que o problema não são os partidos, defensores de interesses específicos que se acomodam ou estruturam em lógicas cada vez mais pseudo-ideológicas, mas com matrizes fundacionais identificadas e claras, mas a forma da sua organização e o quadro restritivo do sistema eleitoral, sem uni-nominalidade nem corrector para uma representação do eleitorado (simples e clara para pôr a funcionar basta ver o sistema alemão!).

E obrigar, isso mesmo obrigar por lei, os partidos a responder pela democracia interna e transparência (total!) das contas e proibir, sim proibir, o financiamento público!

Pagar a política que queremos é um elemento fundamental da democracia liberal.

É claro que para isso temos que limitar os financiamentos empresariais (ou até suprimi-los!) e garantir igualdade de oportunidades no acesso aos media (o que hoje com os meios digitais está desde logo quase garantido!).

No que toca a gangrena, que hoje alastra talvez fosse uma forma de lhe colocar algum controle, ou paliativá-la.

Mas e face à reacções que tive em relação a artigo anterior sobre a legislação autárquica tenho que referir que o sistema autárquico não funciona, de facto!! (do momento que mediou a escrita e sua publicação em vários concelhos presidentes de junta venderam votos para apoio ao orçamento ou autorizações financeiras).

E também ao contrário do que se diz não garante fiscalização adequada (aliás para fiscalizar haveria que alterar todo o sistema de gestão municipal, que permite luvas em todos os pontos desse e dotar uma Assembleia de poderes de intervenção claros); e é aqui mesmo que está um dos focos da gangrena.

É a nível municipal que são conhecidos os casos do Isaltino, do Valentim, da Felgueiras, do Avelino, do Sr. Último andar, do outro sem património mas com o filho de 4 anos cheio dele, e ainda ninguém foi às contas dos partidos ou dos seus outros caciques (porque esses nomeados acima também o foram!)

Alterar a legislação autárquica permitiria mais poupanças que as reduções ou será refundações? das freguesias (que reconheço necessárias mas que deveriam ter quadros de referência mais claros e maior transparência), assim como a intocável (por que será....) fusão de municípios e criação de agregações de municípios ( basta olhar para as grandes capitais europeias e seguir os exemplos!) para criar massa crítica e novas centralidades, que deveria ser central nessa.

Mas será que ainda vamos a tempo de limitar o proliferar da gangrena?

E outro, paliativo, esse que reconheço mais difícil...:

Sou favorável, e penso que essa será opção de futuro, a retirar aos partidos possibilidade de apresentação de candidaturas autárquicas!

Os municípios e as freguesias têm lógicas de gestão onde não faz qualquer sentido, aliás nem tem qualquer relevância, as bandeiras ideológicas ou partidárias em termos de funcionalidade e acção prática e executiva.

Retirar os partidos das autarquias seria quebrar-lhes a espinha onde se desenvolvem a corrupção, os compadrios, os jotinhas, as mordomias, as cunhas e negociatas.

Mas começar por reformar o sistema eleitoral autárquico, a que os partidos se comprometeram e que em defesa do seu sistema de poder e das suas prebendas não realizaram, fosse essa reforma só libertar a actual ganga gangrenada e adaptar o sistema aos novos tempos já seria, todavia, um feito.

Is anyone out there? Está alguém por aí??

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