Alfred Eisenstaedt - o beijo
Diz que o beijo do marinheiro e da mulher de branco, no Dia da Vitória, é a sua melhor fotografia. Mas o fotógrafo que nasceu na Alemanha só indirectamente conseguiu dizer que gosta dela. "Quatro ou cinco fotógrafos foram mandados para locais diferentes em Nova Iorque, para fotografar a festa do fim da II Guerra Mundial e a mim calhou-me Times Square. Havia milhares de pessoas, nas ruas, em todo o lado. Todos se beijavam, civis, comandos, pessoas, soldados. E havia um marinheiro a correr, a agarrar qualquer pessoa, sabem, a beijar. Corri à frente dele, tinha uma Leica à volta do pescoço focada até ao infinito. Só se tem uma hipótese de disparar, não há tempo para preparações. Corria e olhava para trás todo o tempo. Não sabia o que se ia passar, até que ele agarrou uma coisa branca. Eu fiquei ali, eles beijaram-se. Disparei cinco vezes. Entreguei o filme às oito da noite na 'Life'. No dia a seguir, disseram-me 'que grande imagem'. Eu perguntei: 'que imagem?' Já me tinha esquecido. Foi um tiro no escuro... um acidente". Disse que é a melhor fotografia que o grupo "Time", proprietário da "Life", alguma vez publicou. Mas será que gostou dela? "Não sei. É muito famosa. É uma imagem de marca. (...) A composição das figuras é excelente" Em 1980, a mulher na fotografia escreveu a Alfred Eisenstaedt, queria convidá-lo para almoçar num restaurante de luxo. "Eu disse que se me quisesse levar a um sítio onde nunca tinha almoçado, como um McDonald...". Comeu um hamburguer e bebeu um batido. E o homem? "Nunca soube o seu nome". A revista tentou encontrar o marinheiro, apareceram 80 e um deles tentou processar a revista, disse que a mulher na foto era a sua mulher. "Mentira".