literacia mediática

PÚBLICO na Escola reforça mentorias e cria diretório de jornais escolares

Projeto de literacia mediática com mais de três décadas de existência lança novas ações e alarga o seu alcance a partir deste ano letivo.

Um dos "workshops" de jornalismo no 3.º Encontro Nacional de Jovens Jornalistas, realizado em Ponte de Lima em Abril de 2024
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Alunos de várias escolas do país num "workshop" de jornalismo no 3.º Encontro Nacional de Jovens Jornalistas, realizado em Ponte de Lima em abril de 2024 Nelson Garrido

A semana que agora tem início concentra dois momentos com um significado muito especial para o PÚBLICO na Escola: o habitual anúncio dos vencedores do Concurso Nacional de Jornais Escolares e a entrada em funcionamento de um diretório que permitirá ficar a conhecer os jornais e revistas produzidos nas escolas de todo o país.

Ao fazer coincidir os dois acontecimentos numa mesma data, o dia 31 de outubro, o projeto de literacia mediática do PÚBLICO está também a “dar o tom” do que vai ser a sua tarefa ao longo deste ano letivo de 2024-25, com as atividades já sedimentadas a conviver com várias novidades e a aposta numa maior proximidade a contribuir para alargar a dimensão da comunidade envolvida.

Este compromisso traduz-se, entre outras ações, na realização de 60 mentorias com outros tantos jornais escolares; no alargamento, também em termos geográficos, da formação de professores interessados em desenvolver trabalho na área da literacia mediática; na criação de uma comunidade online de docentes; e no regresso do Boletim PÚBLICO na Escola (ver textos ao lado).

Projeto pioneiro, o PÚBLICO na Escola teve o seu início há 35 anos, preparava-se ainda o próprio PÚBLICO para dar os primeiros passos. Sendo filho do PÚBLICO, “nasceu antes do pai”, como lembrava, por ocasião dos 30 anos do jornal, Manuel Pinto, professor catedrático (aposentado) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e um dos mentores e primeiros coordenadores do projeto. Numa altura em que — nunca é demais lembrá-lo — não existia internet e expressões como “literacia mediática” ou “educação para os media” estavam, em Portugal, tão longe das práticas, das preocupações e dos discursos, a forte adesão e o interesse suscitados desde o primeiro momento deixaram bem claro que havia espaço, vontade e necessidade de aprofundar a ligação entre o mundo dos media e a vida escolar. Hoje, ainda mais.

A literacia mediática é um chapéu enorme, que abriga cada vez mais temáticas e implica diversas áreas do conhecimento. Educar para os media é ensinar a descodificar mensagens de forma reflexiva, com pensamento crítico, independentemente do seu formato. É, sempre, ensinar a ler: as notícias, o mundo, tudo o que nos chega. Implica que a prática pedagógica contemple uma abordagem transversal, planeada e sistemática. Urge dar respostas imediatas aos desafios atuais, mas mais importante é proporcionar aprendizagens significativas que capacitem os mais novos para lidarem com as exigentes mudanças no modo como nos relacionamos e comunicamos.

Interrompido por um período na segunda década do século XX, o PÚBLICO na Escola, projeto de responsabilidade social, foi retomado no ano letivo de 2019-20. Conta agora com uma equipa constituída pelas jornalistas Bárbara Simões (coordenadora) e Carolina Franco e por Luísa Gonçalves (coordenadora), professora com pós-graduação em Comunicação, Educação e Cidadania. E com o apoio dos parceiros: Ministério da Educação, Fundação Belmiro de Azevedo e BPI - Fundação “la Caixa”.

Como princípio norteador de todo o trabalho desenvolvido, o aprender fazendo. Percorrendo dois caminhos: o jornalismo escolar; e aquilo que pode ser designado por “aprender com o PÚBLICO”, seja através de planos de aula e outros materiais construídos tendo como ponto de partida trabalhos do jornal, seja em workshops com jornalistas da redação. Porque é mergulhando no mundo da informação que combatemos a desinformação e as ameaças que representa.

O trabalho de proximidade que o PÚBLICO na Escola desenvolve torna possível o acompanhamento de alunos, professores e dos seus projetos, ao longo dos anos. Nos momentos de encontro, há uma sensação de comunidade. É também essa proximidade que garante o impacto: saber nomes, conhecer rostos, saber o caminho pelos corredores das escolas, recordar o que aquele aluno disse naquele encontro. Antes dos números estão as histórias e os contextos. E há sempre um esforço para chegar aos alunos que não são os melhores da turma, que não estão nos quadros de mérito, que não têm bibliotecas em casa para consultar. Mesmo que antes de tudo seja preciso mostrar-lhes que este é um universo a que também pertencem.

Há um ano, na cerimónia de entrega de prémios aos vencedores do concurso de jornais escolares, um aluno (Tiago Marques, do Escrita Irrequieta) resumia assim como olhava para a sua experiência no jornal: “Temos semeado, vamos continuar a semear e amanhã teremos oportunidade de ver florescer um futuro melhor, pela mão de novos jornalistas, escritores, cientistas, professores, médicos, músicos, bailarinos, operários, agricultores e muito mais.” É isto tudo.