Homicídio nos festejos do FC Porto: pena de 20 anos para Renato e 18 para Marco

Marco Gonçalves, o filho Renato e Paulo Cardoso perseguiram e mataram jovem nos festejos do FC Porto em Maio de 2022, considera juíza. Quatro arguidos foram absolvidos pelo tribunal.

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Homicídio aconteceu durante festejos do FC Porto Nelson Garrido/Arquivo
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Renato Gonçalves foi condenado a 20 anos de prisão esta quarta-feira, no caso do homicídio de Igor Silva, jovem morto nos festejos do título do FC Porto em Maio de 2022. O pai deste e membro influente à data nos Super Dragões, Marco Gonçalves, foi condenado a 18 anos de prisão, sentença igual para Paulo Cardoso, cunhado deste e o terceiro arguido condenado por homicídio qualificado. A leitura do acórdão realizou-se esta quarta-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto, exactamente dois anos após a morte de Igor Silva.

O colectivo considerou que o grupo formado por Marco, Renato e o cunhado do membro dos Super Dragões, Paulo Cardoso, “perseguiu e manietou” Igor Silva junto ao Estádio do Dragão com intenção de o matar, envolvendo apenas os três principais arguidos nos ferimentos mortais.

Dos 18 ferimentos de facada identificados na autópsia, apenas Renato admitiu uma única facada, tendo ficado 17 por explicar. O colectivo de juízes acredita que terão sido os três principais arguidos a provocar os restantes ferimentos, absolvendo deste crime os quatro restantes arguidos (Diogo Meireles, Miguel Pereira, Sérgio Machado e Rui Costa) pronunciados por homicídio qualificado.

Renato, Marco e Paulo “incorreram numa perseguição desenfreada a Igor Silva, começou por descrever a juíza, considerando que todos agiram livre e conscientemente, sabendo que os golpes desferidos com a faca nos locais descritos podiam causar a morte do jovem. Atribuindo as facadas a Renato, a juíza diz que Paulo Cardoso impediu Igor Silva de fugir do local, implicando também Marco nas agressões mortais.

O tribunal decidiu fixar em 165 mil euros a indemnização devida à mãe de Igor Silva pela morte do filho. Após tomar conhecimento da decisão, Augusta sentiu-se mal e desmaiou à porta do tribunal, sendo socorrida por outros familiares de Igor Silva presentes no local. Para Nélson Sousa, advogado da família da vítima, a pena foi a expectável, mas insuficiente para a brutalidade do crime.

"Foi feita parcialmente justiça, acho que as penas ficam um bocado aquém do que deveriam ter sido", avaliou o advogado da família de Igor Silva, considerando que o colectivo foi "brilhante" na descrição dos eventos da noite do crime. "Não digo que esperava o máximo. Em Portugal, raramente temos penas a rondar os 25 anos, mas esperava que a pena fosse mais perto disso do que o que foi", admite.

Os advogados dos restantes arguidos não prestaram qualquer declaração à saída do tribunal. Por questões de segurança, os familiares de Marco Gonçalves saíram pelo mesmo portão reservado às viaturas que transportam arguidos em prisão preventiva. As autoridades temiam a possibilidade de confrontos entre membros de ambas famílias, mobilizando um forte contingente de segurança para o Tribunal de São João Novo.

MP tinha pedido pena máxima

Na sessão reservada às alegações finais, o Ministério Público (MP) tinha pedido pena máxima para três arguidos no caso do homicídio de Igor Silva, adepto morto nos festejos do título do FC Porto, em Maio de 2022. A procuradora Adriana Faria defendeu 25 anos de prisão para Marco Gonçalves, Renato Gonçalves e Paulo Cardoso, três dos sete homens indiciados pelo homicídio de Igor Silva. Relativamente aos restantes quatro, o MP pediu que também fossem condenados a penas de prisão efectiva – mas inferiores às dos três principais suspeitos.

Das 18 facadas sofridas por Igor Silva, apenas Renato Gonçalves admitiu ter dado uma, com as restantes 17 a ficarem por explicar. Para a procuradora, todos os arguidos participaram no crime – seja nas agressões, seja na colaboração e impedimento do auxílio à vítima.

A mulher de Marco Gonçalves, Sónia, a filha, Iara e uma amiga da família, Cassandra, foram condenadas a penas suspensas pelo crime de agressão, evitando cumprir pena efectiva.

Confrontos na Luz antecedem morte

Igor Silva foi assassinado na madrugada do dia 8 de Maio, junto ao Estádio do Dragão, durante os festejos da conquista do título, após o jogo do FC Porto no Estádio da Luz. O jovem foi esfaqueado e agredido, após terem sido registados confrontos no Estádio da Luz. Apesar do contexto e da presença de elementos dos Super Dragões, a violência não disse respeito a tricas futebolísticas, mas sim a rivalidades que se arrastavam há vários meses.

A tensão entre os dois grupos teve início com cenas de pancadaria à porta de uma discoteca, ainda em Janeiro de 2022. Depois, Igor Silva envolveu-se em confrontos com Renato e a irmã. Seguiram-se ameaças nos meses seguintes. No dia 7 de Maio, momentos do arranque do jogo entre FC Porto e Benfica no Estádio da Luz, os arguidos Marco e Renato Gonçalves envolveram-se em confrontos com Igor Silva nas bancadas.

Horas depois, já durante os festejos do título, Igor Silva foi atacado por um grupo, esfaqueado e agredido até à morte. Ainda foi transportado de emergência para o hospital, mas perderia a vida na ambulância durante o trajecto.

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