Em 1974, uma multidão entrou pelo Bairro 2 de Maio adentro e nunca mais saiu

As casas estavam destinadas à PIDE, mas o povo ocupou-as – eram estruturas precárias rodeadas por lama. Hoje, uma associação continua a celebrar o Bairro 2 de Maio e alimenta os sonhos dos mais novos.

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Vítor Manuel no pátio em frente à Casa para Todos Rui Gaudêncio
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Há 50 anos, Vítor Manuel era um jovem de 20 e precisava de uma casa. Vivia no Casalinho da Ajuda, em Lisboa, e trabalhava lá perto – estava a construir o Bairro da Fundação Salazar, destinado a alojar agentes da polícia política. No dia 2 de Maio de 1974 – data tão decisiva que deu nome ao bairro –, garante que foi o primeiro a invadir a casa onde até hoje mora a filha. Estava a trabalhar no último andar de um dos lotes quando viu uma multidão a movimentar-se em direcção ao bairro: “Vieram para invadir as casas”, conta. O raciocínio foi rápido: “Eu preciso de casa, também fico aqui.” Trancou a porta como pôde, tapou as janelas com plásticos e foi buscar um colchão a casa dos sogros. Durante algum tempo era a única mobília que tinha.

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