Marcelo: “Se o Brasil mudar de posição sobre a Ucrânia, a escolha é dele”

Presidente da República diz que não se arrependeu de convidar Lula da Silva a visitar Portugal entre o próximo sábado e o dia 25 de Abril.

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Marcelo transmitirá ao seu homólogo brasileiro a posição portuguesa sobre a guerra na Ucrânia EPA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República assumiu que vai transmitir ao seu homólogo brasileiro a posição de condenação de Portugal à invasão da Ucrânia pela Rússia, independentemente de haver uma eventual mudança de alinhamento por parte do Brasil nesta questão.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas, à margem da entrega do Prémio Pessoa, em Lisboa, depois de questionado sobre se Portugal se deveria demarcar das declarações de Lula da Silva, que não fez distinção entre o país agressor e o agredido ao mesmo tempo que criticou os Estados Unidos. “Se o Brasil mudar de posição, é uma escolha dele, nós não temos nada a ver com isso, e Portugal mantém a sua posição”, respondeu, lembrando que Portugal não esteve de acordo com posições assumidas por países dos PALOP e que manteve relações próximas “durante décadas” com esses países.

O chefe de Estado sublinhou que a posição portuguesa é a de que a “Rússia invadiu a Ucrânia e não a Ucrânia que invadiu a Rússia” e que “a NATO e a União Europeia estão a apoiar a Ucrânia”.

“Direi que a nossa posição é esta. Se mudaram, a nossa continua a ser esta”, afirmou, lembrando que o Brasil tem sido “consistente” sobre a matéria. Marcelo recordou que, na presidência de Jair Bolsonaro, o Brasil “votou a favor da resolução a condenar a invasão”, no final de Março de 2022, que se absteve quanto à "suspensão da Rússia no conselho de direitos humanos” e votou a favor das regiões ocupadas pela Rússia.

“Já com Lula, o Brasil pediu a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia. A posição brasileira nas Nações Unidas tem sido a mesma, ao lado de Portugal contra a Federação Russa, o que não tem acontecido com outros países de língua portuguesa”, afirmou, rejeitando a ideia de não ter relações com os chefes de Estado de quem discorda: "Não tínhamos relações diplomáticas com três quartos do mundo."

Questionado sobre se está arrependido de ter convidado Lula da Silva para a visita de Estado que se inicia no sábado e que termina a 25 de Abril com uma sessão de boas-vindas no Parlamento, Marcelo respondeu: “Não, não me arrependi de coisa nenhuma.”

O Presidente considerou que a coincidência das datas – a de 22 de Abril (em que Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro) e a do 25 de Abril – foi “feliz”. “O Brasil foi o primeiro país descolonizado a partir de Portugal”, disse, desvalorizando os protestos contra o actual chefe de Estado: “É a democracia (…). Há quem goste do candidato Bolsonaro e não goste do candidato Lula.”

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