Casos não detectados na China causaram rápida disseminação do novo coronavírus

Através de modelos computacionais, verificou-se que 86% de todas as infecções causadas pelo novo coronavírus na China não foram reportadas antes do bloqueio das viagens na cidade chinesa de Wuhan.

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Guangzhou, na China ALEX PLAVEVSKI/EPA

Os casos não detectados foram “em grande parte” responsáveis pela rápida disseminação da covid-19 na China. Muitas dessas pessoas não teriam sintomas muito graves da doença. Estas são as principais conclusões de um estudo publicado esta segunda-feira na revista científica Science.    

Para chegar a estes resultados, os cientistas usaram um modelo computacional baseado em dados das infecções reportadas na China e da mobilidade entre 10 de Janeiro (o dia em que foi anunciado que havia um novo coronavírus a infectar os humanos) e 8 de Fevereiro na China.

Com isto, obtiveram-se três grandes resultados. Primeiro, observou-se que 86% de todas as infecções causadas pelo novo coronavírus não foram reportadas antes do bloqueio das viagens a 23 de Janeiro em Wuhan, a cidade chinesa que começou por ser o epicentro da epidemia. Depois, viu-se que, por pessoa, a taxa de transmissão das infecções não documentadas foi de 55% relativamente às infecções documentadas. E os casos não detectados foram mesmo a fonte da infecção de 79% dos casos detectados.

Por fim, frisa-se que as medidas drásticas do Governo chinês e a compreensão das pessoas reduziram a taxa de disseminação do vírus na China. Afinal, depois das restrições nas viagens e das medidas de restrição terem sido impostas, a transmissão do surto na China abrandou.

“A explosão de casos da covid-19 na China foi impulsionada em grande parte por pessoas com sintomas ligeiros ou mesmo sem sintomas que não tinham sido detectados”, afirma em comunicado Jeffrey Shaman, investigador da Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade da Columbia (Estados Unidos) e um dos autores do estudo. “Os casos não detectados podem expor uma fatia muito maior da população ao vírus. Percebemos que esses casos são numerosos e contagiosos na China.” Os autores alertam também que essas “transmissões furtivas” continuarão a ser um grande desafio para conter a pandemia daqui para a frente.

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