Descoberto guião para o cinema de O Galo de Ouro de Rulfo, escrito por García Márquez

O primeiro texto para o filme, dirigido pelo realizador mexicano Roberto Gavaldón, foi escrito por García Márquez quando chegou ao México.

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O escritor colombiano Gabriel García Márquez, em 2009 Eliana Aponte/Reuters

A Fundação Juan Rulfo e o filho do escritor colombiano Gabriel García Márquez confirmaram a existência de uma primeira versão de um guião do Nobel da Literatura para a adaptação cinematográfica do romance O Galo de Ouro, do autor mexicano.

De acordo com a publicação feita pela fundação nas redes sociais, citada pela agência Efe, esta adaptação vai estar explanada no próximo livro do especialista em cinema e literatura mexicana Douglas J. Weatherford, que irá conter os guiões das adaptações ao grande ecrã dos romances Pedro Páramo, escrito em 1955, e O Galo de Ouro, de 1963 e 1964, respectivamente — duas obras de Rulfo publicadas em Portugal pela Cavalo de Ferro.

O primeiro texto para o filme, dirigido pelo realizador mexicano Roberto Gavaldón, foi escrito por García Márquez quando chegou ao México e pôde ser reescrito por Carlos Fuentes, o autor de O Velho Gringo, que trabalhou na primeira versão do guião e na definitiva.

Gabriel García Márquez, Nobel da Literatura em 1982, chegou ao México em 1961 e revelou, numa entrevista à agência Efe, em 2013, um ano antes da sua morte, que se inspirou em Pedro Páramo para escrever a obra Cem Anos de Solidão.

O filho de Rulfo, Juan Carlos, explicou à agência espanhola de notícias que este guião “é um dos primeiros que ‘Gabo’ [como era familiarmente conhecido o autor de Amor em Tempos de Cólera] escreveu e não foi contemplado pelo realizador”.

Apesar de serem conhecidos os contributos de García Márquez e Fuentes, através dos créditos do filme que lhes atribuíam os papéis de adaptadores, até agora ninguém sabia da existência de “um guião solitário” escrito — pelo menos no início — pelo autor de Crónica de Uma Morte Anunciada.

Juan Rulfo escreveu O Galo de Ouro — segundo romance do autor —, entre 1956 e 1958, como um texto que poderia ser aproveitado para o grande ecrã.

Rulfo (México, 1917-1986) “é talvez o autor sul-americano mais comentado, elogiado e imitado do século XX”, escreve a editora portuguesa Cavalo de Ferro, na página dedicada ao autor. “Toda a sua obra literária conhecida, que, reunida, pouco ultrapassa as 300 páginas, é considerada como fundadora de uma nova forma de literatura”, tendo aberto caminho a escritores como Gabriel García Márquez, “um dos seus mais famosos e reconhecidos devedores”, Pablo Neruda, Carlos Fuentes, Octávio Paz, Jorge Luis Borges ou Juan Carlos Onetti, que destacaram a importância do autor.

Gabriel García Márquez nasceu a 6 de Março de 1927, em Aracataca, Colômbia, e morreu a 17 de Abril de 2014, na Cidade do México, aos 87 anos.

As Publicações Dom Quixote, que têm a obra do escritor editada em Portugal (uma obra publicada por diferentes editoras, ao longo de décadas), definem-no como nome fundador “do realismo mágico latino-americano, essencial para o reconhecimento da literatura americana em língua castelhana no resto do mundo”. E acrescentam: “O carácter universal da sua obra coloca-o entre os maiores escritores de sempre”.

Viver para Contá-la, O Aroma da Goiaba, conversas de García Márquez com o histórico jornalista colombiano Plinio Apuleyo de Mendoza, Olhos de Cão Azul são alguns dos títulos que a editora do grupo Leya destaca na sua página.

Eu Não Venho Dizer Um Discurso foi o último título publicado em vida do autor, sendo Memória das Minhas Putas Tristes, de 2004, a sua derradeira obra de ficção. O romance sucedeu a Do Amor e Outros Demónios, publicado dez anos antes.

O General no Seu Labirinto, Aventura Miguel Littín Clandestino No Chile, Ninguém Escreve ao Coronel, Os Funerais da Mamã Grande, A Incrível e Triste História da Cândida Eréndira e da Sua Avó Desalmada são outros títulos do escritor.

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