Programa Carnegie Mellon Portugal vai ser "reduzido" após cortes de financiamento público

Programa que liga a universidade de Carnegie Mellon a universidades portuguesas vai ter a sua actividade reduzida devido a corte de financiamento público

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cduruk/Flickr

As atividades do Programa Carnegie Mellon Portugal vão diminuir a partir de 2013 e serão “muito reduzidas” dentro de dois a três anos devido aos cortes de financiamento público, disse à Agência Lusa um dos seus diretores

O programa foi renovado por mais cinco anos em 2012, depois de uma prolongada renegociação com o governo, mas a redução do financiamento público para cerca de um terço vai obrigar a “redimensionar à medida dos investimentos disponíveis” e focar apenas nalgumas áreas, adiantou à Lusa José Fonseca de Moura, professor de engenharia da universidade de Carnegie Mellon.

“Onde falávamos de 80 e tal doutoramentos, haverá possivelmente 20; onde falávamos em programas de mestrado, em vez de quatro a cinco, se calhar haverá um; de 20-30 programas de investigação envolvendo empresas, se calhar haverá quatro ou cinco”, disse.

José Fonseca de Moura estimou que “a actividade neste ano e no próximo ainda vai ter grande reflexo de investimentos anteriores”. “Mas novas actividades começadas este ano já vão ser a nível muito menor. Neste ano, no próximo, e no próximo, as actividades vão-se reduzindo significativamente e dentro de dois a três anos a actividade vai estar muito mais reduzida”, adiantou.

Ligação a universidades e empresas

No seu séptimo ano, o programa liga a universidade de Carnegie Mellon, uma das melhores a nível mundial em engenharia, às universidades de Aveiro, do Minho, do Porto, de Coimbra, de Lisboa, da Madeira, a Técnica, a Católica e a Nova, quatro laboratórios associados e o Instituto de Soldadura e Qualidade, que fazem a ligação a cerca de 80 empresas.

Várias empresas investiram institucionalmente, como a Portugal Telecom, Novabase ou Nokia Siemens e cerca de nove empresas “start-up” nasceram do intercâmbio.

Inclui programas bilaterais de doutoramento e mestrados profissionais, projectos de investigação com alunos e professores dos dois lados, bem como empresas.

“Esta nova fase permite que o programa continue e que possivelmente, quando haja melhores condições, possa expandir-se outra vez”, disse Fonseca de Moura.

Segundo o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a última parceria a ser assinada foi com o Massachusetts Institute of Technology, em montante igual à CMU - quatro milhões de euros por ano, suportados por Portugal.l

Segundo o responsável, nas três parcerias de universidades portuguesas com norte-americanas foram feitas poupanças de 20 milhões de euros por ano e o financiamento público foi reduzido “com a ideia de haver outros contributos, tanto do parceiro norte-americano, como de empresas e outras entidades que se vão associar a estes projectos”.

Segundo Fonseca de Moura, a “nova focagem” até ao final do actual programa é “envolver fortemente empresas para fomentar lançamentos de novas empresas em alta tecnologia em ambiente de investigação universitário”.

“É favorecer a investigação na universidade de alta qualidade e também dar aos doutorandos uma perspectiva de empreendedorismo, de as pessoas serem empreendedoras e alguns deles lançarem-se em 'start ups' e começarem novas empresas de alta tecnologia”, adianta.

“Trata-se de incentivar o espírito de explorar se essas ideias tem valor no mercado e se podem lançar uma empresa que sobreviva em competição no mercado internacional”, diz o professor de Carnegie Mellon.

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