Metro do Porto entrega até ao final de Junho o plano pedido pelo Governo

Empresa está a "revisitar os estudos técnicos" já realizados, para ajudar o Governo a decidir onde vai aplicar os 240 milhões de euros destinados à expansão da rede no Norte

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Metro do Porto propôs contratar consultor caso Ministério das Finanças não avançasse com negociações PAULO PIMENTA

A Metro do Porto deverá entregar ao Ministério do Ambiente, até ao final do primeiro semestre, o plano de investimentos solicitado pelo ministro Pedro Matos Fernandes em Março deste ano. O plano será uma base de trabalho para que o Governo decida onde será feito o investimento de 240 milhões de euros disponíveis para a expansão da rede de metro no Norte. Mas a decisão final terá de ser também política, porque as opções são muitas.

Quando Matos Fernandes deu instruções às administrações dos metropolitanos de Lisboa e do Porto para que, até ao final do ano, apresentassem os respectivos planos de investimento, o trabalho na capital ficou muito facilitado. Lisboa anunciou que já sabia onde iria investir os cerca de 160 milhões de euros que lhe cabiam, apontando uma obra única – a ligação do Rato ao Cais do Sodré. Mas, no Porto, as hipóteses, apesar de já amplamente estudadas, são muitas, implicam um investimento global na ordem dos mil milhões de euros e estão espalhadas por diferentes municípios, pelo que, no final, a decisão dificilmente será apenas técnica.

Fonte da empresa diz que esta está “a revisitar os diversos estudos técnicos de expansão da rede existentes, procurando optimizar soluções, traçados e valores unitários de investimento”. A mesma fonte explica: “O trabalho que estamos a realizar tem como objectivo poder apresentar informação sólida e estruturada aos accionistas [Governo e municípios], para apoio à decisão, sendo que a Metro do Porto está técnica e operacionalmente pronta e preparada para o desenvolvimento das opções que forem tomadas”.

Em teoria, todas as hipóteses estão em aberto e a Norte, as probabilidades passam pelas cidades de Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto ou Vila Nova de Gaia. E cada um destes municípios já deixou claro que a sua linha é prioritária. Em Gaia, a extensão da linha Amarela, de Santo Ovídio até Vila d’Este, foi contabilizada pela Metro do Porto em cerca de 130 milhões de euros, mas o presidente da câmara, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, já anunciou que tem uma proposta alternativa que pode fazer baixar a factura para os 80 milhões. Na Trofa, que ao longo do processo ficou sem comboio e sem metro, será difícil explicar como é que não se aproveita a verba para expandir a linha Verde, da Maia até aquele concelho.

Em Gondomar, os argumentos que já se ouvem desde 2010 – data em que a Metro do Porto concluiu planos para as quatro linhas aqui referidas, exceptuando a da Trofa –, é que a construção de uma segunda linha, passando por Valbom e fazendo a ligação a Campanhã, irá encurtar muito os tempos de viagens, transformando o metropolitano numa verdadeira alternativa ao transporte privado. Já Matosinhos tem outros argumentos de peso – uma ligação directa da Fonte do Cuco ao Hospital de S. João, tem a vantagem de atravessar S. Mamede Infesta e de servir os utentes dos concelhos da Maia e da Póvoa do Varzim que se dirigem ao hospital, e que já não precisariam de perder tempo precioso indo à estação da Trindade, como hoje acontece.

Já no Porto, a aposta vai para a concretização da linha Ocidental, que ligará Matosinhos-Sul à estação de S. Bento, passando pelo Parque da Cidade e o Vale de Massarelos. Na semana passada, em reunião de câmara, o presidente Rui Moreira reconheceu que “a manta é muito curta” e que todos os municípios que aguardam, há mais de cinco anos, pelo reinício da expansão da rede, têm expectativas altas. Mas mostrou-se confiante, quanto à inclusão do Porto no investimento anunciado, mesmo que a verba disponível não dê para mais do que “lançar” a obra. “Considerando o critério custo/benefício, acreditamos que o Porto não poderá ficar de fora”, disse.

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