“Viva Costa”, rejubila o The Times of India

O jornal indiano de língua inglesa mais vendido no país congratula o primeiro-ministro “de origem goesa”. A revista India Today faz o perfil do "Gandhi português".

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O The Times of India é o terceiro jornal com maior circulação no país e o mais vendido em língua inglesa, com uma audiência diária estimada em 7,64 milhões Phil Whitehouse/Flickr

“António Costa, um neto de Margão [segunda maior cidade de Goa], nascido no ano da libertação de Goa [1961], é agora primeiro-ministro de Portugal”. O jornal indiano The Times of India não é parco em palavras elogiosas ao líder socialista. O artigo que assinala a tomada de posse da passada quinta-feira é intitulado Viva Costa, o homem de Goa em Portugal.

O The Times of India (TI) é o terceiro jornal com maior circulação no país e o mais vendido em língua inglesa. Segundo o Indian Readership Survey, em 2012 o jornal teve uma média de 7,64 milhões de leitores diários, num país que tem mais de mil milhões de habitantes.

O jornal indiano fala dos desafios da liderança de Costa, descrevendo como o “establishment conservador português, liderado por Cavaco Silva, tentou vigorosamente mantê-lo fora do poder, pondo em causa os processos democráticos relativamente recentes do país durante o processo”.

O diário assinala ainda como a troika se tornou rapidamente no “inimigo público número 1” do executivo socialista, quando Costa “prometeu honrar os compromissos financeiros do país mas também virar a página da austeridade”, e de como estas políticas podem ter provocado incómodos no seio de países europeus mais ricos, “especialmente a Alemanha, o motor do temido triunvirato”.

O Times of India faz também um resumo rápido da “construtiva” carreira política de António Costa. O jornal escreve sobre a década de 90 e sobre o Ministério dos Assuntos Parlamentares que liderou e sobre a pasta da Justiça que herdou depois.

Dá ênfase à “jogada arriscada” de concorrer à Câmara de Lisboa, “uma zona urbana problemática”, e de como moveu o seu gabinete para o Bairro da Mouraria, “infestado de crime, droga e prostituição” e que se transformou no “centro do seu projecto de renovação que refez Lisboa numa das capitais da Europa mais seguras, limpas e verdes”. “Talvez inevitavelmente”, reflecte o jornal indiano, “o mayor lisboeta começou a ser tratado por Gandhi pelos seus concidadãos” – sinal da sua “calma suprema, característica reconhecida dos goeses”.

No final do artigo, o diário indiano faz uma breve previsão dos próximos tempos “difíceis” do primeiro-ministro português: “Simultaneamente, [terá de] assegurar os compromissos com a União Europeia e dialogar com partidos de esquerda que rejeitam o acordo desde o início, insistir num programa socialista que permita uma redução sustentável de défice e dívida, aumentar salários mínimos e descongelar pensões”. Uma agenda “improvável”, classifica o TI, mas o jornal indiano aconselha a não apostarem contra Costa, até porque se há alguém que consiga cumprir os objectivos é o descendente de goeses, que diz “cumprir sempre mais do que o que promete”.

O estilo de vida do “Gandhi português”
O novo primeiro-ministro português continua a fazer furor nas páginas de jornais indianos. A revista semanal India Today fez o perfil do líder socialista, onde destaca o estilo de vida pensativo.

“Conhecido pelo estilo de vida reflexivo chamado Susegad, que na linguagem luso-goesa significa chilled out”, caracteriza a India Today, uma revista semanal e canal televisivo de notícias indiano. Desde que foi indicado por Cavaco Silva na passada terça-feira, António Costa tem sido alvo de muita cobertura mediática devido às suas raízes goesas.

“Filho do poeta comunista goês Orlando da Costa, nascido em Moçambique em 1929 e que depois emigrou para Goa”, o apelido carinhoso de António Costa é “babush”, “que significa pequeno rapaz em concani [língua falada em Goa]”, explica o semanário.

António Costa, conhecido como o “Gandhi de Lisboa”, é o “porta-estandarte de uma transformação económica” em Portugal, conta o India Today. Notícia editada por Leonete Botelho.

 

 

 

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