Caso de tuberculose em navio da Marinha retém 32 tripulantes

Doença foi confirmada numa tripulante que já está a fazer tratamento. Há mais duas situações suspeitas que obrigaram a internamento. Rastreio aos restantes será feito a bordo.

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O navio está agora na base naval de Lisboa Carlos Lopes

Um caso de tuberculose detectado numa guarda-marinha angolana que estava embarcada no navio hidrográfico Dom Carlos I e a existência de mais duas situações suspeitas obrigaram a Marinha Portuguesa a reter os restantes 32 elementos que seguiam a bordo até que sejam alvo de um rastreio para esta doença infecciosa.

“Confirmamos que uma oficial está infectada e em tratamento em Lisboa, no Hospital Curry Cabral”, disse ao PÚBLICO o porta-voz da Marinha, comandante Paulo Vicente. Segundo a informação inicialmente avançada pelo Correio da Manhã, a mulher, de 27 anos, integra a tripulação como estagiária, no âmbito de um protocolo entre Portugal e Angola, e está internada desde segunda-feira.

O responsável da Marinha adiantou também que entre a tripulação foram detectadas mais duas pessoas com sintomas compatíveis com tuberculose. Ambas estão internadas no Hospital das Forças Armadas e aguardam resultados das análises que confirmem a doença. Segundo Paulo Vicente, entre esta quarta-feira e quinta-feira os restantes 32 marinheiros que permanecem a bordo do Dom Carlos I vão ser rastreados e ficam no barco, por precaução, até serem conhecidos os resultados.

O porta-voz explicou que, inicialmente, o navio ficou atracado em Tróia, mas informou que entretanto já viajou até à base naval de Lisboa. Questionado sobre a origem do surto, Paulo Vicente disse que tudo aponta para que a guarda-marinha tenha sido o primeiro caso, lembrando que no barco “o contacto é próximo e a doença é de contágio fácil”. De todas as formas, frisou que os casos de tuberculose “são raros” em Portugal e que se trata de uma situação excepcional.

A tuberculose, como explica a Direcção-Geral da Saúde (DGS), é uma doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis, transmissível por via aérea. A prevenção da tuberculose em populações vulneráveis e o diagnóstico e tratamento precoce do doente são passos fundamentais no controlo da doença no país.

A tuberculose tem vindo a diminuir de forma consistente em Portugal e os dados relativos a 2014 indicam que, pela primeira vez desde que há registos, o país ficou abaixo da barreira, tida como “linha vermelha”, dos 20 novos casos por 100 mil habitantes. Portugal era, até ao momento, o único país da Europa Ocidental com níveis de incidência de tuberculose superiores a este valor, que corresponde ao limiar de baixa incidência definido internacionalmente.

Os dados da DGS indicam 1940 novos casos de tuberculose em 2014, o que corresponde a uma redução da taxa de incidência dos 21,1 novos casos por 100 mil habitantes registados em 2013 para os 18,7 casos. Os focos continuam a concentrar-se nos grandes centros urbanos e em alguns grupos de risco como pessoas infectadas com VIH/sida, toxicodependentes e alguns imigrantes. As metas definidas pela OMS propõem a erradicação da doença em 2050.

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