Varoufakis anuncia demissão em caso de vitória do “sim”

Ministro já tomou decisão pessoal, que admite poder ser a do Governo no seu conjunto. “Não sou um primeiro-ministro que fique no cargo quer 'faça chuva ou faça sol'", tinha já dito, no início da semana, Alexis Tsipras.

Foto
Varoufakis admite saída mas diz que "nada está concluído" Yves Herman/REUTERS

“Poderemos demitir-nos mas fá-lo-íamos em espírito de cooperação com os que assumissem o poder depois de nós", declarou à ABC, segundo citação da AFP.  Mas “nada está concluído” e as negociações serão retomadas após o referendo, ressalvou.

Noutra entrevista, à Bloomberg TV, questionado directamente sobre se seria ainda ministro na segunda-feira, em caso de vitória do "sim", não deixou margem para dúvidas : "Já não serei."

As declarações de Varoufakis somam-se às de outros responsáveis gregos no mesmo sentido, nos últimos dias, designadamente de Alexis Tsipras. “Não sou um primeiro-ministro que fique no cargo quer “faça chuva ou faça sol”, afirmou o primeiro-ministro, quando, logo no início da semana, foi questionado sobre uma eventual demissão em caso de vitória do “sim”.

Na terça-feira, Theodoros Dritsas, um dos fundadores do Syriza, força política que lidera o actual executivo de Atenas, e actual ministro-adjunto para os Assuntos Marítimos, pronunciou-se no mesmo sentido: "Somos um Governo democrático e vamos respeitar a decisão popular. Mas não será o nosso Governo a assinar um acordo que não aceitamos", disse.

Uma sondagem publicada na quarta-feira pelo diário Efimerida ton Syntatkton, de esquerda, indicava que 54% dos que tencionam votar no referendo seriam favoráveis ao “não” – tal como o Governo e 33% estariam inclinados a dizer “sim” às condições propostas pelos credores.

Mas a análise mais fina dos resultados dessa sondagem, realizada entre os dias 28 e 30 de Junho, mostrava diferenças entre inquiridos antes e depois da decisão, tomada no domingo, dia 28, de encerrar os bancos e controlar o movimento de capitais. Percebia-se que a vantagem do "não"  tinha diminuído no decorrer do estudo.

A agência de notação financeira Moody's cortou entretanto, terça-feira à noite, a classificação da dívida pública grega para Caa3. A redução foi justificada com o argumento de que é agora menos provável que os credores oficiais apoiem o país, independentemente do que aconteça no referendo

Na classificação da Moody's, a Grécia fica assim apenas dois graus acima do estado de falência, observa a Lusa. As agências Standard & Poor´s e Fitch tinham já agravado a notação financeira da Grécia.

No rescaldo dos desenvolvimentos dos últimos dias sobre as negociações entre a Grécia e os credores internacionais, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, disse na quarta-feira à noite televisão norte-americana CNN que as conversações beneficiariam de “um pouco mais de comportamento adulto”. “Dado o nível de incerteza, de confusão e de constantes movimentações, penso que é necessário um pouco mais de comportamento adulto” nas negociações, disse.

Em meados de Julho, Lagarde suscitou polémica quando, após a reunião do Eurogrupo, afirmou que as conversações com a Grécia tinham de ser retomadas "mas com adultos na sala".

Na entrevista à CNN , Lagarde afirmou que a falha no pagamento do reembolso pela Grécia de mais de 1.500 milhões de euros previsto para terça-feira “não foi claramente uma boa notícia para o FMI mas o FMI é sólido”. Noutra entrevista, à agência Reuters, a directora-geral defendeu que a Grécia deve reformar a sua economia antes de os credores europeus aliviarem a sua dívida.

Sugerir correcção
Ler 34 comentários