Hackers atacam dados de quatro milhões de funcionários nos EUA

Responsáveis ouvidos pela imprensa norte-americana dizem que o ataque foi desencadeado a partir da China. Embaixada de Pequim em Washington desmente.

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Esta é a terceira intrusão estrangeira de grande escala num sistema informático federal dos EUA só no último ano Pawel Kopczynsk/Reuters

O ataque foi iniciado em Dezembro por hackers chineses e detectado em Abril pelo Gabinete de Gestão Pessoal, que administra os funcionários da Administração e atribui centenas de milhares de acreditações por ano. Washington acredita que este é o segundo ataque de grande dimensão contra esta agência com origem na China.

A agência emitiu um comunicado em que confirma que os dados de quatro milhões de actuais e antigos funcionários foram comprometidos e explica que começará a informar estas pessoas a partir de dia 8 de Junho. Para já, pede-se às vítimas potenciais para estarem muito atentas na gestão das suas contas bancárias e na manipulação dos seus dados pessoais.

Os intrusos acederam a dados como os números de Segurança Social, as missões dos funcionários, a avaliação do seu trabalho e o treino que receberam. Mas o Gabinete não confirma se o mesmo aconteceu com a informação sobre os salários e números de conta onde estes são depositados.

“Claro, o Gabinete de Gestão Pessoal é um alvo de alto valor”, diz a chefe de comunicação da agência, Donna Seymour, entrevistada pelo Washington Post. “Temos muita informação sobre as pessoas e isso é algo que os nossos adversários querem.”

O Gabinete não adianta que entre os dados expostos se encontrem os do Presidente, Barack Obama, outros altos responsáveis da Administração ou membros das diferentes agências de serviços secretos. Mas não exclui que existam ainda vítimas por identificar e a investigação ainda decorre. Para já, avança com uma proposta de indemnização de um milhão de dólares nos casos em que se comprovem “fraude e roubo de identidade”, ainda que o objectivo dos hackers não esteja claro, podendo tratar-se tanto de roubo de identidade como de espionagem.

O Gabinete de Gestão Pessoal passou a usar nos últimos meses novas ferramentas informáticas que lhe permitiram detectar este ataque quatro meses depois de ter sido lançado – no momento em que a agência começava a adquirir e a pôr em marcha novos procedimentos de segurança. A directora, Katherine Archuleta, afirma “levar muito a sério a responsabilidade de manter em segurança as informações armazenadas nos sistemas” da agência.

O FBI também emitiu um comunicado, muito breve, a informar o público de que está a investigar o assunto e que “leva a sério todos os potenciais ataques contra os sistemas do sector público e privado”.

A embaixada da China nos Estados Unidos rejeita quaisquer acusações. “Tirar conclusões prematuras e lançar acusações baseadas em hipóteses é irresponsável e contraprodutivo”, afirmou o porta-voz da representação diplomática, Zhu Haiquan. “A legislação chinesa proíbe a cibercriminalidade sob todas as formas. A China fez muitos esforços para combater a cibercriminalidade”, assegura ainda.

Esta é a terceira intrusão estrangeira de grande escala num sistema informático federal dos EUA só no último ano.

Primeiro, hackers chineses conseguiram introduzir-se na rede informática do mesmo Gabinete de Gestão Pessoal e de duas empresas que são suas subcontratadas, visando em particular os dossiers de candidatura de milhares de funcionários a uma acreditação secreta na área da defesa. Esse ataque foi detectado em Março, imediatamente travado e atribuído à China. A seguir, as caixas de email da Casa Branca e do Departamento de Estado foram atacadas, incluindo os emails de Obama, admitiram recentemente responsáveis norte-americanos. Dessa vez, o ataque foi atribuído à Rússia.

Em relação à Administração, não há precedentes de um ataque que afecte um número tão grande de pessoas. Mas um ataque contra o banco JP Morgan, em 2014, comprometeu as contas de 76 milhões de clientes privados e de sete milhões de pequenas empresas. Também no ano passado, o ataque à cadeia de distribuição Home Depot afectou os cartões bancários de 56 milhões de pessoas.

A espionagem de empresas norte-americanas por parte da China “permanece um problema significativo”, afirmou em Fevereiro o director nacional de Espionagem, James Clapper, lembrando que Pequim e Moscovo dispõem de sistemas “muito sofisticados” para estes ataques.

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