Angoulême dá prémio máximo de 2015 a Árabe do Futuro

No ano de Charlie Hebdo, um dos seus colaboradores conta a sua história: pai sírio, mãe francesa, uma infância passada entre Paris, Líbia e Síria. "O mais importante é continuar a fazer livros".

Fotogaleria
L'Arabe du futur: une jeunesse au Moyen-Orient (1978-1984) DR
Fotogaleria
Vinheta de L'Arabe du futur DR

Os prémios de Angoulême, as “fauves”, foram reveladas na tarde deste domingo na presença da ministra da Cultura francesa, Fleur Pellerin, e distinguiram assim como Melhor Álbum um romance gráfico sobre a infância do seu autor, Riad Sattouf. Entre o humor e a pungência, L'Arabe du Futur (ed. Allary) recorda a origem síria do autor, do lado paterno (a mãe é francesa), e a infância passada entre Paris, a Síria de Assad e a Líbia de Kadhafi.

Riad Sattouf, de 37 anos, é comparado pela agência AFP a Marjane Satrapi (Persépolis) ou Guy Delisle (Pyongyang: A Journey in North Korea) pelo seu traço simples e potência expressiva que o aproxima dos desenhadores de imprensa. A mesma agência assinala que L'Arabe du Futur foi um dos sucessos editoriais do sector em França em 2014, com uma edição de 150 mil exemplares.

O autor, um prolífico trabalhador, é conhecido não só pelo seu filme de 2009, Uns Belos Rapazes (Les Beaux Gosses), vencedor de um César, mas sobretudo pela série que ao longo de dez anos alimentou no Charlie Hebdo, La vie secrète des jeunes, que já foi compilada e editada em livro.

Riad Sattouf é também autor dos álbuns dedicados a Pascal Brutal, uma personagem exacerbadamente masculina e cheia de contradições cujo terceiro tomo lhe deu o Prémio de Melhor Álbum em 2010 também em Angoulême, ou Ma Circoncision (2004). Em 2003, já tinha recebido outro galardão em Angoulême, desta feita com o prémio René Goscinny pelo primeiro volume de Les Pauvres Aventures de Jérémy.

O festival entregou ainda o Prémio do Público a Les Vieux Fourneaux (ed. Dargaud), de Wilfrid Lupano (história) e Michel Audiard (desenho), e o Prémio Especial do Júri a Building Stories (ed. Delcourt), um livro que parece um jogo de tabuleiro composto por uma caixa com 14 livros e diferentes formatos, sem ordem definida, sobre uma florista que procura o amor, do norte-americano Chris Ware. O Prémio de Melhor Série foi para Last Man e o Prémio Revelação para Yékini. O conjunto do palmarés pode ser consultado no site do festival.

O Grande Prémio de Angoulême tinha já sido atribuído na semana passada ao japonês – o primeiro a ser distinguido com a honra máxima de carreira do importante festival europeu Katsuhiro Otomo, autor da série de culto Akira. E este domingo foi formalizada a entrega do primeiro Prémio Charlie pela Liberdade de Expressão, que será entregue anualmente, aos cinco cartoonistas mortos no tiroteio de Paris –  Charb, Tignous, Honoré, Wolinski e Cabu.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários