Dirigentes do Colégio Militar também deviam ser julgados, defendem advogados dos arguidos

Oito ex-alunos respondem em tribunal por maus tratos.

Os advogados de vários dos arguidos do caso do Colégio Militar defenderam que não só eles devem estar sentados no banco dos réis, a responder pelas agressões, mas também os dirigentes da instituição pública de ensino militar. O caso continua a ser julgado esta segunda-feira, em tribunal, em Lisboa.

"Os castigos existiram ao longo de décadas. Passaram de geração em geração. O Colégio Militar não o podia ignorar. A sua atitude foi, no mínimo, negligente", sustentou durante as alegações finais o advogado Paulo Braga Malheiro.

Dos castigos aos mais novos resultaram, entre 2006 e 2008, um tímpano perfurado cujas sequelas duram até hoje e necessidade de assistência hospitalar em dois outros casos. "À instituição, que ofereceu antigos alunos em sacrifício como bodes expiatórios, não interessa mais do que manter as aparências e o status quo" observou o mesmo advogado.

São oito os ex-alunos que respondem em tribunal por maus tratos, mas o Ministério Público já pediu a absolvição de cinco deles e penas suspensas para os restantes três, que considera culpados não deste crime mas de um com pena mais leve, o de ofensas corporais simples. Os advogados dos acusados pedem absolvição. "Os responsaveis do Colégio Militar deviam estar aqui a ser julgados" corroborou outra advogada dos arguidos.

A responsabilidade dos pais dos alunos também não foi escamoteada. "Qualquer pai que ponha o filho num colégio interno e não pese as consequências de o colocar numa sociedade fechada não sabe o que faz" , resumiu o advogado Perry da Camara para quem muito do que sucedeu se relaciona com o facto de "os rapazes terem testosterona a mais e nem sempre medirem as consequências dos seus actos".

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