Pussy Riot têm novo vídeo e desta vez os oligarcas do petróleo são o principal alvo
Grupo punk feminino russo ataca Putin e os seus aliados nas empresas petrolíferas estatais
Apesar de dois elementos deste colectivo punk feminino continuarem na prisão, por terem actuado numa catedral ortodoxa em Moscovo no ano passado, outras tomaram o seu lugar, sempre com as características máscaras de ski coloridas que lhes cobrem a cara. Desta vez foram filmadas a actuar no topo de instalações petrolíferas ou de gás natural, enquanto trabalhadores da central, com chapéus protectores, olham espantados e divertidos.
Enquanto tocam a canção, Como numa Prisão Vermelha, as Pussy Riot atiram um líquido negro, que parece ser petróleo, contra um poster com a foto de Igor Sechin, o patrão da Rosneft, a grande petrolífera estatal e um próximo do Presidente.
O objectivo, explica a banda, é chamar a atenção para a prática de Putin de permitir aos seus aliados mais chegados de partilharem entre si os lucros da indústria energética russa. A Rosneft não comenta, diz a agência Reuters.
Os rendimentos do petróleo russo chegaram a sete mil biliões [milhões de milhões] de rublos [250 mil milhões de dólares] em 2012, “mas só Putin e os seus amigos vêem estes 7000 biliões”, traduz a Radio Europa Livre
Rádio Liberdade, financiada pelos Estados Unidos, a partir do texto de apresentação do vídeo.
Por coincidência, diz o New York Times, o vídeo das Pussy Riot surgiu no YouTube um dia depois de ter saído um outro vídeo musical, chamado Oil, do DJ Smash, que é uma sátira à origem da riqueza e ostentação dos novos ricos russos: mulheres bonitas, cobertas de peles e diamantes bebem bebidas que são na verdade petróleo, banham-se em piscinas de um líquido negro e viscoso e dançam ao lado de trabalhadores de plataformas petrolíferas, ainda com as roupas de trabalho e a cara cobertas de uma substância oleosa.
Mas a letra da canção das Pussy Riot não fala só de petróleo. Inclui ainda referências a Alexei Navalni, o blogger que acaba de ser condenado a cinco anos de prisão, e também à legislação que pune quem fizer “propaganda homossexual” entre menores, que entrou em vigor no mês passado. Denuncia os “parasitas homofóbicos” que parecem saídos de outros tempos.
Iekaterina Samutsevich, uma das três Pussy Riot presas e condenadas por cantarem na catedral de Moscovo — o que foi considerado um “acto de vandalismo motivado por ódio religioso” — foi libertada em Outubro. Mas Maria Aliokhina e Nadezhda Tolokonnikova continuam a cumprir pena em colónias prisionais. Segundo disse no Twitter Piotr Verzilov, marido de Tolokonnikova, esta escreveu parte da letra de Como numa Prisão Vermelha.
Ao mesmo tempo, surgem também iniciativas anti-Pussy Riot, como o jogo electrónico em que se tem de bater nas meninas de toca colorida e guitarra... com uma cruz. Mas a hierarquia da Igreja Ortodoxa russa considerou-o “demasiado pós-moderno”, relata a BBC.