Três romancistas portugueses entre os semifinalistas do prémio Portugal Telecom
Lídia Jorge, António Lobo Antunes e Valter Hugo Mãe estão entre os 63 semifinalistas do prémio de literatura dedicado aos livros de língua portuguesa publicados no Brasil no ano passado.
Os 63 autores semifinalistas foram escolhidos de uma lista de 450 livros inscritos, saída da totalidade das obras que as editoras submeteram à apreciação do júri. Nesta fase, o prémio tem por hábito 60 nomes, mas como este ano houve um empate na categoria de poesia e dois na de romance a curadoria optou por elevar o número. Assim, foram seleccionados 21 livros de poesia, 22 romances e 20 volumes de contos ou crónicas.
“Em poesia estão representadas as principais tendências contemporâneas com obras que optam pelo diálogo com a tradição poética como A Casa dos Nove Pinheiros, de Rui Espinheira Filho, e outras que incidem na desestabilização dos padrões mais recorrentes do discurso lírico como A cicatriz de Marilyn Monroe de Contador Borges”, diz a curadora Selma Caetano no vídeo em que são anunciados os semifinalistas e que na tarde desta segunda-feira foi divulgado no site deste prémio literário dedicado a obras em língua portuguesa publicadas no Brasil.
“No género romance foram contempladas todas as gerações que estão no activo, desde Menalton Braff (com O Casarão da Rua do Rosário), nascido em 1938, até Daniel Galera ( Barba Ensopada de Sangue), nascido em 1979. Compareceram quase todos os continentes lusófonos, com três autores portugueses, um angolano, um moçambicano e 17 brasileiros”, explica ainda a curadora. E se é verdade que a lista inclui nomes consagrados como Paulo Lins (Desde que o samba é samba), autor do best seller Cidade de Deus, também comporta estreantes como Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira (As Visitas que Hoje Estamos), acrescenta.
Lídia Jorge concorre com A noite das mulheres cantoras, António Lobo Antunes com Sôbolos rios que vão e Valter Hugo Mãe com O filho de mil homens. Na categoria de romance foram também seleccionados o Prémio Camões 2013, o moçambicano Mia Couto (A Confissão da Leoa), e o angolano Pepetela, Prémio Camões 1997 (A Sul, o Sombreiro).
“A categoria contos e crónicas apresenta um relevante painel da produção contemporânea com obras que trazem um sopro renovador como a prosa experimental de Noemi Jaffe (A verdadeira história do alfabeto e alguns verbetes do dicionário) e da quase estreante Tércia Montenegro (O Tempo em Estado Sólido). E inclui narrativas mais clássicas de autores que já integram o cânone da crónica brasileira, a exemplo de Luis Fernando Veríssimo (Diálogos Impossíveis) e Zuenir Ventura (Crónicas para ler na escola).”
Em Setembro serão escolhidos os 12 finalistas do prémio - quatro obras por categoria. O júri é constituído pelos actuais curadores: Antonio Carlos Secchin (de poesia), Luiz Ruffato (romance), Marcelino Freire (contos e crónicas) e Selma Caetano (curadora- coordenadora). E ainda por André Seffrin, Cristóvão Tezza, Italo Moriconi, João Cezar de Castro Rocha, José Castelo e Leya Perrone- Moisés.
O grande vencedor do Prémio Portugal Telecom 2012 foi Valter Hugo Mãe, com A máquina de fazer espanhóis, escolhido entre os eleitos das três categorias: além de ter consagrado o escritor português no romance, o júri destacou na poesia Nuno Ramos (Junco) e no conto Dalton Trevisan (O anão e a ninfeta).