Prémio Leya 2012, “alegoria do mundo contemporâneo” com lusofonia e ebooks à mistura

Na cerimónia de entrega do prémio esta quarta-feira em Lisboa, presidente do grupo Leya pede novo regime fiscal para os livros electrónicos

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O autor dedicou o prémio à sua bisavó e deixou um apelo à atenção ao acesso à educação http://www.publico.pt/ciencias/jornal/e-portugal-disse-sim-ao-proximo-grande-telescopio-da-europa-26502439

O vencedor, que recebeu “uma chamada telefónica sonhada mas pouco esperada” em Dezembro anunciar que o seu inédito fora escolhido pelo júri entre seis outros finalistas e cerca de 270 candidatos que se apresentaram, tal como ele, sob pseudónimo, dedicou o prémio à sua bisavó. “Não sabia ler”, mas educou três gerações que viram o seu nível de escolaridade aumentar com a passagem das décadas, evolução de um país que Camarneiro, investigador das Universidades de Aveiro e Portucalense e formado em Engenharia Física, teme que hoje se corra o risco de perder. “Espero que saibamos ler os tempos”, apelou num hotel em Lisboa, na presença do Presidente Aníbal Cavaco Silva e do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

Barreto Xavier foi o destinatário de um repto do presidente executivo do grupo Leya, Isaías Gomes Teixeira, que pediu atenção aos problemas que rodeiam o regime fiscal aplicado aos livros electrónicos. Os ebooks precisam “com urgência de um regime fiscal especial, em tudo semelhante ao que vigora para o livro impresso” para evitar que as empresas com sede em Portugal não sejam prejudicadas pela concorrência estrangeira – onde os livros electrónicos não têm uma taxa de 23% de IVA, disse Isaías Gomes Teixeira. “Comprar um livro numa loja [online] brasileira”, disse o presidente executivo do grupo Leya, “sai muito, mas muito mais barato do que fazê-lo numa loja portuguesa ou europeia”.

Isaías Gomes Teixeira revelou ainda que as candidaturas para o prémio Leya 2013 já começaram a chegar e que em Outubro o júri se pronunciará sobre os finalistas da remessa literária deste ano, uma vez mais composta por manuscritos identificados apenas por pseudónimo. Para Manuel Alegre essa é uma das características que tornam o galardão “diferente” num país que descreve como “uma cigarra da periferia [que] espalhou a sua fala” pelo mundo.

O Presidente da República, que entregou o prémio a Nuno Camarneiro, elogiou a obra ao mesmo tempo que reflectiu sobre a importância da “projecção crescente da literatura de língua portuguesa no panorama internacional”, frisando que “num mundo em que as chamadas ‘fronteiras espirituais’ se estão a impor crescentemente, a consolidação do espaço lusófono deve ser uma tarefa prioritária”.

Debaixo de algum céu parte de um apagão entre o Natal e o fim do ano graças ao qual os habitantes um prédio à beira-mar são forçados a conviver – "pessoas comuns com vidas difíceis, com medos, orgulhos e remorsos”, como explicou o autor à plateia na cerimónia ao fim da tarde desta quarta-feira. Uma reflexão sobre o isolamento nos seus microcosmos, do condomínio, do bairro, foi premiado por um júri presidido por Manuel Alegre e constituído por José Carlos Seabra Pereira, José Castello, Lourenço do Rosário, Nuno Júdice, Pepetela e Rita Chaves.  

O Prémio LeYA foi criado em 2008 e distingue anualmente um romance inédito em português. João Ricardo Pedro foi o vencedor em 2011 com O teu rosto será o último, que se tornou num best-seller, o brasileiro Murilo Carvalho, com a obra O Rastro do Jaguar, venceu em 2008 e sucedeu ao primeiro galardoado, João Paulo Borges Coelho, com O Olho de Hertzog (2009). Em 2010 não foi atribuído prémio. 

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