Organizadores de manifestação frente ao Parlamento demarcam-se de confrontos

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Ânimos exaltaram-se por volta das 23h Foto: Nuno Ferreira Santos

A Plataforma 15 de Outubro e o Movimento Sem Emprego, que organizaram a concentração que decorreu segunda-feira em frente ao Parlamento, em Lisboa, demarcam-se dos desacatos que ocorreram no final. Os mentores do protesto criticam também a cobertura dada pela comunicação social.

À Lusa, André Esperança, da Plataforma 15 de Outubro, fez um balanço “positivo” da iniciativa “Cerco a S.Bento! Este não é o nosso orçamento”, mas criticou a “imagem totalmente errada do protesto” que vários órgãos de comunicação social passaram aos portugueses em casa.

O jovem realçou que a concentração começou às 18h de segunda-feira e decorreu de “forma pacífica e ordeira”, tendo sido “muito, mas muito mais” do que os desacatos que ocorreram já depois das 23h.

“É lamentável que apenas se fale dos desacatos que ocorreram quando o protesto já levava mais de cinco horas”, criticou, considerando também “deplorável” que alguma comunicação social tenha “falado em centenas de pessoas quando as imagens mostravam claramente que, no local, estavam vários milhares”.

O balanço é, contudo, “claramente positivo no sentido de que não passou em claro a entrega deste Orçamento”, que vai criar “extremas dificuldades a milhares de trabalhadores”, frisou.

Também Ana Rajado, do Movimento Sem Emprego, considera que a iniciativa correspondeu às expectativas: “Foi uma manifestação muito combativa que correu muito bem. As pessoas estavam, de facto, conscientes do que estavam a fazer: a exigir a demissão deste Governo”.

"Governo é quem deve ser acusado de violência"

O “Cerco a S.Bento” decorreu durante a maior parte do tempo de forma ordeira, mas foi marcado por alguns momentos de maior tensão já durante a noite.

O primeiro foi quando os manifestantes começaram a formar um cordão humano à volta do edifício, derrubando algumas grades colocadas pela polícia e lançando dois petardos.

Mais tarde, perto das 23h, o Corpo de Intervenção da PSP avançou contra alguns manifestantes que arremessaram pedras e garrafas de vidro, primeiro contra o edifício do Parlamento e, depois, contra o contingente policial.

Os confrontos entre os manifestantes e a polícia resultaram em dois detidos, três pessoas identificadas, 12 feridos (11 dos quais polícias) e três viaturas da PSP e dezenas de carros civis danificados, segundo o balanço feito nesta terça-feira pela PSP.

A organização demarca-se, contundo, destes desacatos. “Não somos polícias de ninguém e não podemos controlar todas as pessoas”, rematou Ana Rajado, salientando que é o “Governo quem deve ser acusado de violência”.

É uma “violência extrema já que, com estas políticas, está a condenar milhares de portugueses à miséria e à fome”, frisou.

André Esperança lembrou ainda que o Governo tem “indicação de não carregar sobre as manifestações”, porque sabe que “está por um fio e sabe que lhe podia sair bem caro”. Contudo, denunciou o facto de “vários polícias infiltrados” terem sido avistados a “provocar os manifestantes”.

Ambos os movimentos garantiram à Lusa que não vão “sair das ruas” e continuar a organizar acções de luta pacíficas para contestar as contas do Estado para 2013 e exigir a demissão do Governo PSD/CDS.

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