Viúva de Arafat tentou divorciar-se “centenas de vezes”

Suha dá entrevista a jornal turco falando da "vida em isolamento" que viveu durante o seu casamento com Yasser Arafat.

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Suha e a filha Zahwa mudaram-se para Paris em 2001 e, em 2005, para Tunes AFP

Suha conheceu Arafat através da sua mãe, uma importante jornalista e activista. Os dois casaram-se, em segredo, em Tunes, em 1990, quando Suha tinha 27 anos e Arafat 61. Ela, uma cristã criada em Nablus e Ramallah, converteu-se ao islão. Suha contou agora ao jornal turco Sabah que a mãe se tinha oposto ao casamento. “Mais tarde percebi porquê. Se eu soubesse o que iria passar, não teria casado com ele. É verdade que ele era um grande líder, mas eu estava só”.

As razões eram a segurança: “Tinha de ter cuidado nas minhas conversas telefónicas por causa das escutas, e estávamos sempre a mudar de um lado para o outro”, contou. “A minha identidade foi destruída.”

Cinco anos após o casamento, nasceu a única filha do casal, Zahwa. Em 1994, o casal deixa a Tunísia, quando Arafat põe fim a 27 anos de exílio e regressa a Gaza, e a partir daí vivem ora em Gaza, ora em Ramallah, na Cisjordânia.

“Eu sei que muitas mulheres queriam casar com ele, mas ele só me quis a mim. Foi o meu destino”, diz. “Tentei deixá-lo centenas de vezes, mas ele não me deixava. Toda a gente sabe como ele não me deixava.” Mas, apesar de a vida com Arafat ter sido difícil, constata: “A minha vida sem ele é ainda mais difícil”.

Suha não viveu, no entanto, com Arafat até à morte deste em 2004. Em 2001, Suha e a filha Zahwa mudam-se para Paris, e em 2005, para Tunes, onde Suha é investigada por corrupção. Actualmente, vive em Malta, com uma pensão de 10 mil euros mensais para si e para a filha, dada pela Autoridade Palestiniana. "Isso está documentado", disse nesta entrevista ao jornal turco. Muitos palestinianos suspeitam de que Suha tenha ficado com muito dinheiro da Autoridade Palestiniana controlado por Arafat após a morte do líder.  

Suha é uma figura imprevisível e envolvida muitas vezes em polémicas. Quando se encontrou com Hillary Clinton, em 1999, por exemplo, acusou publicamente os israelitas de serem responsáveis por cancros dos palestinianos, envenenando-os com produto químicos colocados nas águas de Gaza.

A última vez que esteve na ribalta foi quando veio a público uma investigação da estação de televisão Al Jazira sobre a possível causa da morte de Arafat, com base em pertences do palestiniano entregues a um instituto de investigação suíço. Descobriu-se que tinham vestígios de polónio-210, uma substância radioactiva. Quando Arafat foi levado da Muqata para o hospital francês em que acabou por morrer, Suha veio acusar responsáveis da Autoridade Palestiniana de conspirarem contra ele e de o quererem “enterrar vivo”.
 
 
 
 
 
 
 

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