Vaga de atentados em Bagdad faz pelo menos 66 mortes
Explosões de carros armadilhados em bairros predominantemente xiitas confirmam recrudescimento da violência sectária.
Um dos ataques, com um carro armadilhado, ocorreu no centro da cidade, numa das ruas mais movimentadas da zona comercial e onde existe um grande número de consultórios médicos, clínicas e farmácias.
A explosão destruiu parcialmente vários edifícios e provocou um incêndio de grandes proporções. Uma das testemunhas disse à BBC que entre as vítimas do ataque havia mais do que uma criança. “Que crime cometeram estes inocentes, por que razão são massacrados?”, questionou.
Outro incidente, em Habibiya, no subúrbio de Sadr City, foi cuidadosamente coreografado. “Um condutor embateu o seu carro contra outra viatura e saiu de cena, aparentemente para ir chamar a polícia de trânsito. Nessa altura, apareceu um outro carro, que o levou, e segundos depois o automóvel que ele tinha deixado parado explodiu. Dezenas de pessoas, que se tinham juntado para ver o que estava a acontecer, foram atingidas”, descreveu um agente da polícia citado pela cadeia Al-Jazira.
Um segundo veículo armadilhado explodiu em seguida, junto a um stand de venda de carros usados. As autoridades dizem que pelo menos 12 pessoas morreram nos ataques de Sadr City.
No bairro de Jadidah, uma brigada especializada em explosivos foi alertada para uma viatura suspeita, mas não chegou a tempo de impedir a detonação de uma bomba artesanal, que matou um indivíduo. Seis pessoas morreram num outro ataque no bairro de al-Maalif, segundo a Associated Press, que também deu conta de explosões na área de Nova Bagdad, e outros seis bairros suburbanos num raio de 20 quilómetros do centro da capital.
Nenhum destes ataques foi reivindicado, mas os mais recentes ataques contra alvos xiitas foram associados a militantes sunitas (uma minoria no Iraque), muitos deles com ligações à rede da Al-Qaeda.
O Iraque está a braços com uma nova vaga de violência sectária que, só este mês, já terá feito cerca de 450 vítimas. Segundo as Nações Unidas, o mês de Abril, com mais de 700 mortos em ataques, foi o mais violento naquele país desde há mais de cinco anos. As tropas americanas, que lideraram o combate no conflito sectário de 2006 e 2007, saíram do Iraque no final de 2011.
A população sunita acusa o Governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, um xiita, de discriminação. As tensões sectárias envolvem ainda os curdos, que governam de forma autónoma a região de Kirkuk, a zona do país mais rica em petróleo e cuja autoridade é reclamada por Bagdad. Esta manhã, registaram-se dois incidentes de tiroteios entre milícias anti al-Qaeda e guardas de unidades de produção energética. Na cidade de Mosul, no Norte do país, uma bomba de fabrico artesanal matou um coronel da polícia.