Um quarto dos indianos foi às urnas, quando Modi se torna cada vez mais favorito
Na sexta de nove etapas das eleições legislativas que se prolongam até 12 de Maio, foi dia de votar para quase um quarto dos 815 milhões de eleitores. Família Gandhi aumenta envolvimento na campanha.
Na sexta de nove etapas das legislativas, que se prolongam até 12 de Maio, com o previsto anúncio dos resultados a 18 de Maio, foi dia de votar para sensivelmente um quarto dos perto de 815 milhões de eleitores. Entre os estados que votaram nesta fase do processo eleitoral estão o mais populoso, o Uttar Pradesh, e Bangalore, no Sul, capital da tecnologia e estado crucial no confronto entre o BJP (Bharatiya Janata Party, Partido do Povo da Índia) e o Partido do Congresso.
Ainda que pouco fiáveis, as sondagens têm atribuído sistematicamente vantagem ao BJP na disputa com o Partido do Congresso, que estará a ser penalizado pelo desgaste de dez anos de poder e pelo descontentamento provocado por escândalos de corrupção e pelo abrandamento do crescimento económico. A mais recente aponta para uma maioria confortável dos nacionalistas e seus aliados no Parlamento de 543 lugares.
Mas o facto de os holofotes se terem voltado para Modi fez com que a tenha reavivado a memória sobre um episódio que marcou a negro a sua carreira política, apesar de a Justiça ter entendido que não tem de responder por ele: os motins entre hindus e muçulmanos em Gujarat, estado que ele governa, onde há 12 anos foram mortas mais de mil pessoas, na sua maior parte muçulmanos. Numa entrevista televisiva, na quarta-feira, acusou os jornalistas de difamação pelo seu interesse pelos tumultos de 2002, repetiu que nada teve a ver com o sucedido e garantiu ter uma óptima com os muçulmanos.
“As pessoas esqueceram-se do que Modi fez a este país. Acho que salvar vidas é mais importante do que o desenvolvimento”, disse à Reuters Shafina Khan, uma professora muçulmana de 21 anos, que votou no Partido do Congresso, no estado de Maharashtra
O cenário de derrota previsível levou a que as campainhas de alarme tivessem tocado no Congresso, e a uma espécie de mobilização geral antes da etapa eleitoral desta quinta-feira. Sonia Gandhi, presidente da força política que governou em mais de 50 dos 67 anos que passaram desde a independência, endureceu as críticas a Modi, líder do BJP e candidato a primeiro-ministro, que descreveu como uma “perigosa combinação de fanatismo religioso, poder e dinheiro” em quem vê uma ameaça à tradição laica do estado da Índia.
A filha de Sonia, Priyanka, que não costuma fazer discursos políticos, entrou na campanha esta semana, em sinal do despespero da dinastia Gandhi, ofuscando de certa forma o irmão, Rahul, vice-presidente do partido, rosto eleitoral e candidato não declarado à chefia do Governo. “A ideologia do Congresso é unir o povo e manter a unidade do país, enquanto a da oposição é a de dividir”, disse a filha mais nova de Sonia.
Na resposta, citado pela imprensa indiana, o líder da oposição afirmou - referindo-se a si próprio na terceira pessoa - que a família Gandhi tem como “única obsessão” abater Modi. O dirigente nacionalista hindu promete redinamizar a economia e criar empregos para os jovens - 100 milhões de indianos votam este ano pela primeira vez.
Os Gandhi não têm qualquer grau de parentesco com o apóstolo da desobediência civil não-violenta Mahatma Gandhi mas sim com Jawaharlal Nehru, primeiro chefe do Governo após a independência e fundador de uma linhagem de políticos que tem marcado a vida do país, mas que é actualmente pouco popular.
Modi procurou também afastar as preocupações surgidas a a nível internacional pelo anúncio de que o BJP reveria a política de não usar em primeiro lugar armas nucleares, definida em 1998 pelo antigo primeiro-ministro do partido Atal Behari Vajpayee. O arsenal nuclear, disse, “é necessário para se ser poderoso - não para suprimir ninguém, mas para nossa protecção”.