Ucrânia recupera aeroporto no Leste, Putin fala em “acção punitiva”
Um dia depois de Moscovo ter admitido iniciar um diálogo com as novas autoridades, o Presidente Vladimir Putin pediu nesta terça-feira “o fim imediato da operação punitiva do Exército” ucraniano.
O ataque das forças ucranianas, um dia depois da eleição de Petro Poroshenko ter sido eleito novo Presidente ucraniano, reflecte os seus avisos de que as “operações antiterroristas” no Leste deveriam ser mais eficazes e breves com unidades mais bem-preparadas.
Depois de semanas de confrontos, avanços e recuos – grupos de separatistas pró-russos ocupam desde o início do mês várias cidades e vilas do Leste –, desta vez Kiev mobilizou helicópteros, aviões de combate e pára-quedistas. “O aeroporto está sob nosso controlo total. O adversário sofreu duras perdas e nós não temos vítimas”, afirmou em Kiev o ministro do Interior, Arsen Avakov.
Segundo o presidente da câmara de Donetsk, Oleksandr Lukiantshenko, 38 mortos são combatentes separatistas e dois são civis. Mas há ainda “31 pessoas no hospital, incluindo quatro habitantes”. Diferentes rebeldes dizem que 50 ou 30 dos seus homens foram mortos.
Lukiantshenko garante que a situação será normalizada, mas pediu aos habitantes para evitarem a proximidade do aeroporto e explicou que nove escolas e dois hospitais foram encerrados.
Os combates parecem de facto ter terminado no aeroporto, mas a Reuters diz que continuam a ouvir-se trocas de disparos nas estradas das imediações. Os sons de metralhadoras, acrescenta, indicam que as forças governamentais ainda enfrentam resistência. Os jornalistas da agência também descrevem ter passado por vários camiões Kamaz – do tipo usado pelos rebeldes – completamente destruídos.
Um dia depois de Moscovo ter admitido iniciar um diálogo com as novas autoridades, o Presidente Vladimir Putin pediu esta terça-feira “o fim imediato da operação punitiva do Exército” ucraniano nas regiões do Sudeste. Os problemas da região, repetiu o líder russo, só vão resolver-se através “de um diálogo pacífico entre Kiev e os representantes das regiões”.
Antes de Putin, já falara o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov: “A tarefa nº 1 das autoridades de Kiev e o teste à sua capacidade de sobrevivência”, defendeu, é “pôr fim ao derramamento de sangue no Leste”.
O oligarca Poroshenko, que venceu as eleições de domingo após meses de manifestações que levaram ao derrube de Viktor Ianukovich, admite discutir com separatistas mas não com “terroristas” e prometeu mão dura contra quem quer que ameace a segurança do país.
Depois da anexação da península da Crimeia pela Rússia, em Março, na sequência de um referendo não reconhecido pela ONU, vários grupos ocuparam as instituições de poder em diferentes capitais do Leste e declararam “repúblicas independentes”, enquanto anunciavam a intenção de realizar referendos sobre o futuro político destas regiões, sempre com a possibilidade de uma união a Federação Russa.
Nos últimos meses, Moscovo mobilizou muitas tropas junto à fronteira com a Ucrânia, mas anunciou a semana passada que tinha começado a retirar todas as suas forças da zona. A NATO diz que muitas ainda permanecem.