Turquia confirma que Boumeddiene entrou na Síria a 8 de Janeiro

Namorada do radical que matou cinco pessoas em Paris estava em Istambul desde 2 de Janeiro.

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Hayat Boumeddiene (à esquerda) era namorada de Amedy Coulibaly (à direita), morto na sexta-feira após ter feito reféns numa mercearia de Paris Reuters/Polícia de Paris

“Ela chegou à Turquia a 2 de Janeiro vinda de Madrid. Há imagens [dela] no aeroporto”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, citado pela agência oficial Anatólia. O responsável diz que a francesa, de 26 anos, ficou alojada num hotel de Istambul “na companhia de outra pessoa” e viajou para a Síria a 8 de Janeiro. “Temos registos telefónicos que o confirmam”, assegurou Cavusoglu.

O jornal Yeni Safak, próximo do Governo turco, noticia na edição desta segunda-feira que Boumeddiene viajou para Sanliurfa, uma cidade no Sudeste do país junto à fronteira com a Síria, tendo entrado no país vizinho através do posto de Akçakale, um dos mais usados pelos estrangeiros que planeiam juntar-se aos movimentos jihadistas. Adianta ainda que ela viajou acompanhada por Mehdi Sabry Belhoucine, um cidadão igualmente francês de 23 anos.

As datas apontadas por Ancara coincidem com as que tinham já sido avançadas por fontes dos serviços de informação citadas durante o fim-de-semana pela imprensa francesa, e que contrariam informações iniciais de que Boumeddiene poderia ter sido cúmplice na morte de uma agente de polícia, baleada quinta-feira em Montrouge, um subúrbio no Sul de Paris, e no sequestro de 19 pessoas, sexta-feira, num supermercado kosher junto à Porta de Vincennes, no leste da capital, durante o qual quatro pessoas foram mortas.

Por trás dos dois ataques esteve Amedy Coulibaly, morto pela polícia na operação que pôs fim ao sequestro e que numa entrevista telefónica e num vídeo divulgado por jihadistas após a sua morte se reivindica membro do autoproclamado Estado Islâmico. Disse ainda ter agido em coordenação com os irmãos Kouachi, autores do ataque, na quarta-feira, dia 7, ao jornal satírico Charlie Hebdo e que foram mortos - quase em simultâneo com Coulibaly - depois de cercados pela polícia numa cidade a nordeste de Paris.

Apesar dos indícios de que já não estava no país aquando dos atentados, as autoridades francesas continuam a considerar Hayat Boumeddiene suspeita, alegando que ela mantém ligações a radicais islâmicos que estavam sob vigilância e querem interrogá-la para determinar que papel poderá ter tido na preparação dos ataques.

Cavusoglu assegurou que Ancara “partilhou estas informações com a França antes mesmo de elas serem pedidas”. “Dissemos-lhes: ‘A pessoa que vocês procuram esteve aqui, passou aqui alguns dias e viajou ilegalmente para a Síria’”.

O Governo turco foi várias vezes criticado pelos seus parceiros por, durante muito tempo, ter fechado os olhos à passagem pelo seu território de milhares de estrangeiros que se juntaram às fileiras do Estado Islâmico para combater o regime de Bashar al-Assad, de quem Ancara se distanciou. A Turquia assegura que reforçou as suas fronteiras e afirma que cabe aos países de origem controlar as saídas dos jihadistas. Em Setembro, o ministro dos Interior francês, Bernard Cazeneuve, reuniu-se com o seu homólogo turco, Efkin Ala, para melhorar a troca de informações, depois de várias falhas que permitiram o regresso de jihadistas a França, sem acompanhamento dos serviços secretos.

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