Tsipras referenda acordo proposto por credores
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, vai convocar um referendo sobre o acordo proposto pelos credores.
Em causa estão as propostas dos credores que têm estado em discussão nos últimos meses, com vista à última tranche do programa de resgate no valor de 7,2 mil milhões de euros.
O referendo poderá ter lugar no dia 5 de Julho, adianta a agência Bloomberg, citando a televisão grega. A decisão surgiu depois de, já na noite desta sexta-feira, o núcleo duro do Executivo ter estado reunido em Atenas.
À noite, já depois das 23h, Tsipras falou aos gregos, anunciando que avisou as instituições europeias desta decisão. O primeiro-ministro grego deu a entender que será um referendo com perguntas de “sim” ou “não” às propostas feitas pelos credores. No seu discurso ficou implícito que o Syriza vai apelar ao “não”.
Após as declarações de Tsipras, o clima de incerteza levou cidadãos a formarem filas para levantar dinheiro nas caixas multibanco.
Imagens divulgadas pelas agências estrangeiras e na rede social Twitter mostram filas de cidadãos em frente a caixas de multibanco, num ambiente calmo, ao início da madrugada deste sábado.
Em alguns comentários no Twitter, a situação é descrita como consequência do clima de incerteza vivido na Grécia, noutros é referido o facto de ser fim-de-semana e ser normal haver mais pessoas a levantar dinheiro. Certo é que na manhã deste sábado, o líder do partido nacionalista Gregos Independentes, que está na coligação com o Syriza, Panos Kammenos, veio a público apelar à calma e declarar que os bancos não vão fechar as suas portas.
Kammenos, que é também ministro da Defesa, considera que o referendo não põe em risco o futuro da permanência da Grécia na União Europeia.
Antonis Samaras, líder da oposição, não é da mesma opinião. Para o líder do partido conservador Nova Democracia e que já esteve no lugar de Tsipras, a decisão de fazer um referendo vai por a Grécia em rota de colisão com a Europa. A questão do referendo vai ser um "sim" ou um "não" à Europa, acrescenta, citado pela Reuters.
Por seu lado, Fofi Genimmata, líder do partido socialista PASOK, defendeu a demissão do Governo. Em vez de um referendo, a Grécia devia ir a eleições, defende. "Uma vez que o senhor Tsipras não tem capacidade para tomar decisões responsáveis, deveria demitir-se e deixar os cidadãos decidir o seu futuro em eleições", declarou.
Nova reunião do Eurogrupo
Para este sábado está marcada nova reunião do Eurogrupo. Os ministros das Finanças vão ter nas suas mãos dois documentos, um com as propostas da troika, outro com as da Grécia.
As diferenças entre os dois textos são bastante menores do que no início das negociações, mas subsistem. A Grécia quer obter receitas através de um imposto extraordinário de 12% sobre os lucros acima de 500 mil euros e de um aumento da contribuição das empresas para a segurança social, mas a troika recusa, defendendo que isso prejudicaria a economia. Em compensação, pretende que haja mais medidas ao nível das pensões e do IVA.
Na sua última proposta, a Grécia aceitou subir a idade efectiva da reforma para os 67 anos até 2022 (inicialmente falava em 2036), mas não quer iniciar este processo imediatamente, como exige a troika. E persiste na intenção de manter isenções de IVA às ilhas e de aplicar uma taxa intermédia de 13% na comida processada e nos hotéis.
Do lado das instituições da troika, a posição assumida é a de que as diferenças entre as partes são já muito pequenas, e acenam com uma extensão de cinco meses do programa, com garantia de financiamento até Novembro, para que a Grécia dê os últimos passos na direcção de um acordo.