Três suspeitos confessam homicídio de adolescente palestiniano
Seis suspeitos são residentes da cidade de Beit Shemsh, cada vez mais religiosa, e de um colonato. Palestinianos atiram dezenas de rockets sobre Israel, que convoca 1500 reservistas.
Ainda assim, a tensão está a subir. Da Faixa de Gaza, onde combatentes palestinianos têm lançado diariamente rockets, foram atirados 20 projécteis em poucos minutos na segunda-feira à noite. Israel mobilizou já 1500 reservistas do Exército. Ataques israelitas na Faixa de Gaza deixaram até agora dez palestinianos mortos, dos quais seis eram combatentes do Hamas. O movimento islamista já prometeu vingar estas mortes, dizendo que o Estado hebraico irá “pagar um preço tremendo”.
A violência tem durado desde a notícia da morte de Kheir, na semana passada. Segundo a imprensa israelita, três dos suspeitos – alguns menores – confessaram o crime. Os três participaram numa reconstituição do crime, que as autoridades suspeitam ter sido motivado pelo desejo de vingança pelo assassínio de três israelitas raptados na Cisjordânia. Agências de notícias dizem ainda que os suspeitos eram de Beit Shmesh, uma localidade perto de Jerusalém onde os ultra-ortodoxos têm vindo a ganhar preponderância, e no colonato judaico de Adam, em Jerusalém, perto da floresta onde o corpo carbonizado foi deixado.
A polícia está também a tentar perceber se os suspeitos da morte de Khdeir, detidos no domingo, têm alguma coisa a ver com a tentativa de rapto de uma criança de nove anos, na véspera do assassínio do adolescente palestiniano.
A violência seguiu-se à descoberta dos corpos de três adolescentes israelitas, raptados na Cisjordânia, entretanto mortos a tiro, num crime que deixou Israel em choque e que o Governo imputa ao Hamas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, telefonou ao pai do adolescente para prometer que os assassinos serão punidos “com toda a força da lei”. “O assassínio do seu filho é odioso e não pode ser tolerado por nenhum ser humano”, disse o primeiro-ministro israelita.
E num artigo conjunto assinado no diário popular Yedioth Ahronoth, o presidente cessante, Shimon Peres, e o seu sucessor, Reuven Rivlin, prometeram que não haverá qualquer encobrimento na investigação nem clemência para os seus autores. Mas não deixaram de dizer que “as palavras podem matar”: “o derramamento de sangue só acabará quando percebermos todos que não é o nosso fado infeliz vivermos juntos, mas antes o nosso destino”.
A mãe do adolescente morto tinha reagido dizendo que não esperava da justiça israelita o mesmo tratamento para os assassinos do seu filho do que aquele reservado aos palestinianos que matam israelitas: “Se os condenarem e demolirem as suas casas e lhes aplicarem pena de prisão perpétua, isso poderia satisfazer-me um pouco”, comentou. Os suspeitos de terem morto os três israelitas, que ainda não foram detidos, tiveram logo as suas casas demolidas.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, pediu que as Nações Unidas investigassem esta e outras mortes de palestinianos. Netanyahu pediu aos palestinianos que condenassem com o mesmo vigor os crimes contra israelitas cometidos pelos extremistas do seu campo.
Por outro lado, no Sul de Israel responsáveis pediam uma resposta forte ao Governo. Chaim Yellin, do conselho regional de Eskol (sul), dizia que o número de chamadas por dia para a linha de ajuda está a ser maior do que durante conflitos anteriores: “Há uma grande diferença entre a definição da situação e a realidade que estamos a viver, com rockets a caírem todos os dias sobre as nossas casas causando danos e medo”, disse, acrescentando que o conselho regional vai declarar sozinho o estado de emergência.