Três deputados do Aurora Dourada em liberdade

Apenas um dos acusados ficou em prisão preventiva. Líder do partido de extrema-direita da Grécia é ouvido esta quarta-feira.

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O líder do partido, Nikos Mihaloliakos (durante a campanha eleitoral de 2012) será entretantou ouvido em tribunal Yannis Behrakis/Reuters

Ainda esta quarta-feira, será o dia do líder do partido, Nikos Mihaloliakos, a comparecer em tribunal, esperando-se que defina a sua defesa perante suspeitas de organização de um grupo criminoso, assassínio, ataques violentos e lavagem de dinheiro. Fica por ouvir o seu “número dois”, Christos Pappas, que se entregou no domingo à polícia depois da detenção do líder, no sábado.

A libertação de três dos quatro deputados levou muitos a questionar a força do caso contra os políticos e membros do Aurora Dourada, iniciado após o assassínio de um activista de esquerda por um apoiante do partido. Até agora foram detidas 22 pessoas, incluindo seis deputados, e continuam as buscas em casas de pessoas ligadas ao partido.

Organizações de direitos humanos já vinham a avisar para a violência cometida por elementos deste grupo contra imigrantes – uma violência que ainda aumentou com a eleição dos deputados do partido para o Parlamento nas eleições do ano passado.

Testemunhos de dois antigos membros falam de uma estrutura muito organizada e coordenada, com lideranças fortes, treino paramilitar e ataques programados. “Participei em várias acções com 40 ou 60 motorizadas, com duas pessoas cada. O que ia atrás levava um bastão com a bandeira grega e atacava todos os paquistaneses que encontrasse”, contou um dos dois ex-membros.

O partido, que favorecia a entrada de homens com treino em artes marciais, tinha campos de treino para uso de armas de fogo, mas estas estavam num local secreto. Na sede estavam apenas bastões, facas e matracas.

Durante a investigação, a polícia encontrou armas (sem licença) em casa do líder do partido, que estão a ser submetidas a testes balísticos.

Alimentado pela crise
O partido Aurora Dourada passou da irrelevância (nem 1% dos votos) nas eleições de 2009 para uma votação de 7% (que lhe deu 18 deputados) em 2012.

A crise grega foi o principal catalisador do partido, que aproveitou o mau funcionamento das instituições e fez acções em que deu segurança a moradores de zonas cada vez mais afectadas por criminalidade e distribuiu comida e roupa a quem precisava.

A chegada descontrolada de imigrantes à Grécia, que procuram passar para outros países da Europa mas ficam concentrados no centro de Atenas, também foi terreno fértil para as ideias anti-imigração do partido, que defende a expulsão dos imigrantes ilegais – e, de seguida, da verificação do estatuto dos legais. O grupo nega qualquer acção violenta.

Na campanha, no entanto, um dos candidatos, Epaminondas Anyfantis, chegou a dizer: “Se, ao protegermos os gregos, um estrangeiro receber uma estalada, ou um pontapé, isso acontece no quadro da protecção dos gregos.”

Responsáveis do partido foram também apanhados em acções violentas em público: um dos deputados libertado na terça-feira, Ilias Kasidiaris (o porta-voz do partido), deu uma estalada a uma deputada do partido comunista num debate televisivo durante a campanha de Maio do ano passado, e outro deputado, Yorgos Germenis, tentou agredir o presidente da Câmara de Atenas numa acção pública na capital na Páscoa ortodoxa, quando a câmara impediu uma distribuição de comida "apenas para gregos" do Aurora Dourada.
 

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