No dia a seguir às eleições na Tailândia, manifestantes voltam à rua

Só no dia 23 será conhecido o resultado das legislativas, mas a vitória da primeira-ministra Yingluck Shinawatra é dada como certa.

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A primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, congratulou-se com o "sinal positivo" deixado na votação deste domingo Chaiwat Subprasom/Reuters

Milhares de manifestantes juntaram-se de manhã cedono centro da capital, Banguecoque, para gritarem palavras de ordem contra  a primeira-ministra e protestarem pelo facto de as eleições não terem produzido mudanças.

O movimento de oposição Suthep - liderado por Suthep Thaugsuban - denunciou as eleições (e apelou ao boicote) dizendo que estas reconduzirão Shinawatra no cargo de primeira-ministra.

É um dado assente a vitória de Shinawatra e do seu partido, apesar de o resultado das eleições só ser anunciado a 23 de Fevereiro - o atraso deve-se a problemas técnicos no registo de alguns eleitores que foram impedidos de votar. Dos dois milhões de eleitores inscritos para a votação antecipada,  440 mil não puderam exercer o seu direito, devido a boicotes e a episódios de violência em Banguecoque e no Sul do país, onde a oposição ao Governo é mais forte.

Por causa dos acontecimentos da semana passada – mas também devido aos vários bloqueios em secções de voto nas eleições deste domingo –, o presidente da comissão nacional de eleições da Tailândia, Supachai Somcharoen, disse que não será feito ainda qualquer anúncio sobre resultados. Deverá se rnecessária uma repetição parcial da votação. 

Os números avançados pela comissão de eleições mostram que a votação de domingo foi afectada em 18 das 77 províncias do país – em muitos destes casos não foi sequer possível fazer o registo de candidatos, o que tornará ainda mais difícil o preenchimento de todos os lugares num futuro Parlamento, a que se soma o boicote do principal partido da oposição, o Partido Democrático.

Suthep Thaugsuban congratulou-se com os bloqueios registados nas secções de voto. "Agradeço a todos os que impediram a entrega das urnas de voto", disse, num discurso em Banguecoque.

O líder do partido no governo e ministro do Interior, Jarupong Ruangsuawan, saudou a afluência às urnas. "As pessoas não têm medo e saíram de casa para virem votar. Lutámos muito pela democracia na Tailândia e provámos que a maioria dos tailandeses acredita no processo democrático."

Para a chefe do Governo, apesar dos protestos e dos bloqueios, este domingo foi "um sinal positivo". "Espero que todas as partes possam ajudar a resolver todos os problemas do país", disse Shinawatra aos jornalistas no momento em que votava.

Yingluck Shinawatra vai continuar como primeira-ministra interina nas próximas semanas, e mesmo que a contagem final confirme a vitória do seu partido nestas eleições, o país dificilmente sairá do caos. O Partido Democrático boicotou a votação e a maioria dos manifestantes exige a constituição de um "conselho popular", que substituiria o actual Governo e aprovaria novas leis anticorrupção. Yingluck foi acusada de beneficiar o seu irmão, o multimilionário e antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, ao tentar fazer aprovar no Parlamento uma amnistia que permitiria o seu regresso ao país, onde foi condenado por abuso de poder para favorecimento pessoal.

Apesar de ter sido afastado do poder num golpe militar em 2006, Thaksin Shinawatra continua a gozar de enorme popularidade entre a população mais desfavorecida, e os partidos a que esteve ligado ganharam todas as eleições desde 2001. Mais do que uma luta contra a actual primeira-ministra, a crise política na Tailândia é uma luta contra a figura e a influência de Thaksin, que a oposição acusa de continuar a governar através da sua irmã.
 

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