Suspeito da morte de Nemtsov terá sido obrigado a confessar
“Há razões para crer que Zaur Dadaïev confessou sob tortura”, disse membro do Conselho Consultivo russo para os Direitos do Homem.
“Há razões para crer que Zaur Dadaïev confessou sob tortura”, disse à AFP Andreï Babushkine, que visitou na terça-feira o suspeito, na companhia de Eva Merkatcheva, uma jornalista que pertence igualmente ao conselho.
“Não podemos afirmar que foi torturado [...], mas vimos numerosos ferimentos no seu corpo”, afirmou. Dadaïev, explicou, tem “escoriações” de algemas nos pulsos e pernas e feridas nos dedos do pé.
Zaur Dadaïev, 31 anos, antigo polícia das forças especiais tchetchenas, disse aos visitantes ter passado “dois dias algemado e com um saco de pano enfiado na cabeça”, depois de ter sido detido na semana passada. É um dos dois suspeitos da morte de Nemtsov.
“Gritavam-me a toda a hora: ‘Foste tu quem matou Nemtsov?’ Eu respondia que não”, declarou o suspeito, segundo o relato feito à AFP por Andreï Babushkine. "Lutei contra criminosos durante 11 anos, protegendo os interesses da Rússia. Porque é que não põem na prisão os que são contra a Rússia", terá dito.
Segundo a BBC, Dadaïev afirmou ter confessado o crime para que um amigo que tinha sido detido com ele fosse libertado. Disse também que tencionava dizer a verdade em tribunal mas que não lhe foi dada a possibilidade de falar.
Detido com quatro outros suspeitos, incluindo dois primos, Dadaïev foi capturado na Tchechénia e acusado da morte de Boris Nemtsov por um tribunal de Moscovo, o qual anunciou que a sua participação foi “confirmada pela sua confissão”, de acordo com a juíza Natalia Mushnikova, que estendeu a detenção até 28 de Abril.
O outro suspeito formalmente acusado pela morte de Nemtsov, Shagid Gubashev, afirma ter sido agredido durante o interrogatório e mantém que é inocente.
As detenções foram feitas pouco mais de uma semana após a morte de Boris Nemtsov, antigo vice-primeiro-ministro, abatido junto ao Kremlin a 27 de Fevereiro.
Os maus tratos e a tortura são comuns nas prisões russas.