Strauss-Kahn enterra caso Sofitel com pagamento de indemnização

Passaram 19 meses desde que o então director do FMI, prestes a lançar uma candidatura à presidência francesa, foi detido a bordo de um avião no aeroporto JFK.

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Diallo, à saída da audiência no tribunal do Bronx Emmanuel Dunand/AFP

O juiz antecipara que a audiência duraria uma meia hora. Afinal, nem foi preciso tanto para encerrar o caso que abriu as portas do inferno para Strauss-Kahn. Desde dia 14 de Maio de 2011, quando foi retirado de um avião no aeroporto JFK, horas depois de ter acordado na suite 2806 do Sofitel de Nova Iorque, o francês demitiu-se da direcção do FMI, esteve preso na ilha de Rikers e em Lille, foi acusado de tentativa de violação e tornou-se arguido por suspeitas de “cumplicidade em proxenetismo”. Entretanto, desistiu da corrida à presidência francesa e divorciou-se.“Há cerca de dez minutos, chegámos a um acordo”, anunciou o juiz Douglas McKeon no início da audiência no Bronx. Como se esperava, os termos do acordo que enterra o processo civil aberto a pedido de Nafissatou Diallo contra o político vão permanecer confidenciais.
William Taylor, advogado de DSK, descreveu como “falsas” as informações de que o ex-director do FMI aceitou pagar 6 milhões de dólares (4,6 milhões de euros) a Diallo. Mas o valor é considerado plausível: o ex-procurador Matthew Galluzzo estimou, em declarações à AFP, que DSK terá pago “entre três e dez milhões, provavelmente à volta de cinco”.
Tratava-se apenas de verificar se havia acordo e de o assinar, pelo que o juiz dispensara a presença de DSK em Nova Iorque, mas exigira a da empregada de 33 anos que não era vista desde o Verão do ano passado. “Agradeço a todos os que me apoiaram em todo o mundo. Agradeço a Deus”, afirmou à saída.

Violenta ou inapropriada

Há 19 meses, Diallo acusara Strauss-Kahn de agressão sexual: ele tê-la-ia agarrado pelo cabelo e forçado a praticar sexo oral. DSK reconheceu uma breve relação “inapropriada” com a jovem, mas insistiu que foi consentida. Este é o segundo processo Diallo-DSK: o processo penal foi abandonado logo em Agosto de 2011, com o procurador a considerar que as contradições sucessivas de Diallo sobre alguns aspectos do seu passado “punham seriamente em causa a credibilidade do seu testemunho”. Foi nessa altura que o francês pôde abandonar os EUA.
Entretanto, deixara o FMI e vira cair por terra uma provável eleição para o Eliseu. Também já tinha sido alvo de novas acusações: desta vez, uma jornalista e escritora francesa, Tristane Banon, formalizava uma queixa por tentativa de violação durante uma entrevista em 2002, garantindo que o escândalo fora abafado por líderes do PS francês. O caso foi arquivado mas ajudou a desenhar uma nova narrativa para DSK — a de uma vida dupla, “libertina”, tolerada pelos pares e vivida, no mínimo, nos limites da legalidade.
 

"Festas libertinas"

Já este ano, voltou a ser detido. É suspeito de “cumplicidade em proxenetismo, agravada por participar em bando organizado”, e de “abuso de bens sociais, na forma de receptação”. Ele diz que participou em “festas libertinas” com amigos e amigas de amigos, mas a investigação tropeçou numa rede de proxenetismo em França e na Bélgica. Os advogados pediram o anulamento e espera-se uma decisão dia 19.
Mesmo que veja arquivadas todas as queixas, DSK não poderá apagar a sua nova narrativa. Mas nos últimos tempos parece ter começado a ensaiar um regresso à vida pública, escreve a AFP, com uma entrevista, a participação em conferências no estrangeiro e a criação de uma empresa de aconselhamento em França.

“Ao decidir [chegar a acordo], está a mostrar que não acredita no seu futuro político”, defende Philippe Martinat, autor de uma biografia de DSK, ouvido pela Associated Press. “Mas quer recuperar a credibilidade como perito económico e espera poder partilhar a sua experiência internacional num palco maior.” 
 
 
 
 

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