SPD tenta afastar a imagem da "perigosa Merkel" para convencer militantes

Líderes sociais-democratas estão a percorrer a Alemanha para defender o acordo de coligação com os conservadores perante os membros do partido, que o vão votar em referendo.

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O lider do SPD está em campanha pela aprovação do acordo de coligação entre os membros do partido Patrik Stollarz/AFP

Depois de um acordo para uma plataforma de coligação entre o SPD e a CDU/CSU, os 474 mil membros do partido vão votar num referendo cujo resultado deverá ser conhecido a 15 de Dezembro.

Gabriel tem tentado convencer os 474 mil membros do SPD que vão votar agora o acordo. O SPD conseguiu a inclusão de um salário mínimo e uma diminuição da idade da reforma (63, em vez de 67 anos para quem trabalhou 45 anos), mas muitos dos membros do partido temem entrar numa grande coligação com Angela Merkel, já que depois da primeira, entre 2005 e 2009, o SPD registou os seus piores resultados do pós-guerra (e depois disso também o Partido Liberal, que esteve na última coligação de Governo da chanceler Merkel, perdeu estrondosamente nas últimas legislativas de Setembro, obtendo igualmente o pior resultado da sua história, não conseguindo sequer eleger deputados para o Bundestag).

Assim, um dos argumentos usado pela liderança do SPD é o de que a chanceler não é uma figura maquiavélica cujo objectivo seja destruir os seus parceiros de coligação. “Angela Merkel não é uma viúva negra à espera de deitar a sua rede sobre o SPD”, disse Gabriel num encontro de cerca de 900 membros do partido em Hamburgo, segundo o site do canal de informação económica Bloomberg.

Gabriel fez uma forte defesa do cariz social-democrata do acordo que, segundo a Bloomberg, era descrito pelos membros do SPD como um desapontamento por ter ficado aquém do que era esperado em algumas áreas. Os sociais-democratas não conseguiram, por exemplo, um aumento de impostos para os mais ricos, e apesar de terem conseguido uma alteração da lei da cidadania que passa a permitir aos filhos de imigrantes estrangeiros obter a nacionalidade alemã e a dos pais (até agora têm de optar por uma delas até aos 23 anos), esta hipótese não se aplica aos pais.

Juventude do SPD contra
Mostrando o desconforto dentro do partido, vários líderes da juventude do partido dos estados federados declaram-se publicamente contra a coligação. “O acordo de coligação mostra que com esta União [CDU/CSU] não é possível nenhuma mudança política”, diz uma proposta a ser aprovada num congresso da juventude do partido no fim-de-semana, citada pelo jornal Die Welt. A vice da organização de juventude do partido (e candidata a presidente), Johanna Uekermann, criticou as poucas alterações na política europeia, a falta de “melhorias concretas para os jovens” e medidas para diminuir a grande desigualdade entre ricos e pobres.

No fim-de-semana, várias sondagens mostravam, no entanto, uma tendência para aprovação do acordo pelos membros do SPD. Porém, estas sondagens foram feitas a apoiantes sociais-democratas e não aos membros do partido.

Uma sondagem do instituto Forsa no jornal Welt am Sonntag mostrava que 78% dos apoiantes do SPD aprovam o acordo e apenas 19% o rejeitam. Uma outra sondagem, do instituto Emnid, dizia que 70% dos apoiantes eram favoráveis à grande coligação entre SPD e CDU.

Mas estes números não são suficientes para que se preveja uma aprovação certa no referendo. Os membros do SPD receberam o acordo de coligação (são 178 páginas) e os seus votos, por correspondência, têm de chegar à sede do partido até à próxima quinta-feira. “Acho que é bastante provável que decidam a favor da grande coligação, mas não é certo”, sublinhava à emissora Deutsche Welle o professor de Política Social e membro do SPD Stefan Schieren.

Caso os membros do SPD votem contra, a direcção do partido já deixou claro que se demitirá, e a CDU poderá voltar a tentar um entendimento com os Verdes (afastado após duas reuniões na sequência da votação de Setembro) ou serão marcadas novas eleições.
 
 
 
 

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