Sisi confirma intenção de se candidatar à presidência do Egipto
"Deus sabe que carrego o fardo deste legado e tenho esperança de poder corresponder aos sonhos dos egípcios", disse o marechal numa entrevista a jornal do Kuwait. Exército diz que anúncio será feito aos egípcios.
Numa entrevista ao jornal do Kuwait Al-Seyassah, e quando lhe foi perguntado se é candidato, Sisi voltou a colocar-se no papel de herói desejado pelos egípcios: “Não posso fazer outra coisa que não seja responder ao apelo do povo”.
O marechal — era general, foi recentemente promovido — é, de momento, a figura mais popular do Egipto. Foi ele quem liderou o golpe militar que depôs, no Verão do ano passado, o primeiro Presidente eleito do país, o islamista Mohamed Morsi (preso e a ser julgado), e as ruas do Cairo e de outras grandes cidades estão repletas de cartazes com a sua cara. Um sinal que alguns analistas consideram preocupante, falando de um culto de personalidade que não é um bom sinal para a desejada democracia.
Em Janeiro, quando os egípcios referendaram uma nova Constituição — que foi, também, uma votação que serviu para legitimar o golpe e a deposição de Morsi —, Sisi disse que se a votação fosse favorável à mudança leria nisso um sinal de que o povo o queria como candidato à presidência.
“O apelo do povo foi ouvido em todo o lado e eu não o vou rejeitar”, disse Sisi, de 59 anos, ao jornal kuwaitiano. “A decisão foi tomada. [...] Digo com toda a sinceridade: Deus sabe que carrego o fardo deste legado e tenho esperança de poder corresponder aos sonhos [dos egípcios]. Não é segredo que as aspirações e desejos do povo são imensos depois das últimas desilusões”, disse.
Num comunicado divulgado pouco depois, o Exército alega que as afirmações reproduzidas pelo jornal "resultam de uma interpretação jornalística e não são citações directas do marechal", mas não nega que Sisi esteja a planear a entrada oficial na vida política, dizendo apenas que a esperada candidatura será anunciada "ao povo egípcio e a nenhum outro, num anúncio claro e directo, sem ambiguidades".
Morsi foi deposto depois de centenas de milhares de pessoas se terem manifestado contra as suas políticas. A repressão desses protestos resultaram na morte de centenas de pessoas e Morsi é acusado de ser o responsável por muitas delas. O seu partido, a Irmandade Muçulmana, foi ilegalizado e os dirigentes foram presos na sequência do golpe militar de Julho.
As eleições presidenciais no Egipto vão realizar-se no dia 18 de Abril, anunciou o Presidente interino, Adly Mansour. Estando a facção islamista aniquilada — as manifestações da Irmandade e apoiantes estão proibidas e quando ocorrem são reprimidas —, e não havendo quem, até agora, tenha ousado concorrer contra o popular marechal, a eleição de Sisi parece assegurada. Abdel Fattah al-Sisi será o sexto chefe de Estado militar do Egipto (apenas Morsi foi civil).