Silvio promete tudo aos italianos numa “lista de parvoíces”

Líder da coligação de centro-direita promete fim de imposto imobiliário. Oposição fala em “propaganda perigosa”.

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O milionário prometeu também reduzir as despesas governamentais FILIPPO MONTEFORTE/AFP

“Quero travar uma última e grandiosa batalha eleitoral e política”, declarou o líder da coligação do centro-direita, onde se destacam o seu partido, Povo da Liberdade, e a formação xenófoba e populista Liga do Norte.

Feita a declaração pessoal de intenções, chegava a altura das promessas eleitorais. E houve muitas, para todos os gostos e para todas as bolsas: o fim de um imposto imobiliário abolido em 2008 por Berlusconi e reintroduzido no ano passado pelo primeiro-ministro demissionário, Mario Monti, e a devolução aos contribuintes de tudo o que pagaram desde então; a abolição de um imposto regional sobre as empresas nos próximos cinco anos; a manutenção da actual taxa do IVA; e a promessa de não aplicar um imposto adicional aos mais ricos.

O milionário prometeu também reduzir as despesas governamentais, reduzir o número de deputados no Parlamento e cortar com o financiamento público dos partidos políticos.

“Não peço nada para mim”, afirmou Il Cavaliere, que anunciou também a sua intenção de assumir as pastas da Economia e da Indústria se a sua coligação vencer as eleições. Nesse cenário, o primeiro-ministro seria Angelino Alfano, o secretário do Povo da Liberdade, que não consegue sair da sombra do espectáculo Silvio Berlusconi na campanha.

A oposição não tardou a desvalorizar o inflamado discurso de Berlusconi. Mario Monti, candidato com a sua aliança Agenda Monti para a Itália, afirmou que Silvio Berlusconi “nunca cumpriu nenhuma das suas promessas”. Rosy Bindi, presidente do Partido Democrático, do centro-esquerda, descreveu o discurso como “propaganda eleitoral perigosa”. A agência Reuters cita ainda um deputado do centro-esquerda, cujo nome não revela, e que resume tudo numa pequena frase: “Uma longa lista de parvoíces.”

Mas Silvio Berlusconi está decidido a recuperar do golpe que sofreu em finais de 2011, quando Mario Monti assumiu a chefia do Governo após a saída da Liga do Norte da coligação governamental. “Quero ajudar a Itália a sair deste ambiente tenebroso em que os técnicos dos impostos a deixaram, e onde os técnicos dos impostos da esquerda a deixarão atolada”, afirmou.

O candidato mais bem posicionado nas eleições é Pier Luigi Bersani, do centro-esquerda, mas a recuperação de Bersluconi deixa até o La Repubblica a coçar a cabeça: ontem, Eugenio Scalfari, fundador do jornal de centro-esquerda e antigo deputado do Partido Socialista, assinou um artigo que tem como título “Se o cavalo do Cavaleiro vence a corrida eleitoral”.

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