Serviços de informação tentaram recrutar um dos atacantes de Woolwich
Agentes do MI5 abordaram Michael Adebolajo depois de uma viagem ao Quénia.
A informação foi avançada por Abu Nusaybah, um amigo de infância de Adebolajo – que assumiu o nome Mujahid após a sua conversão ao islão – durante uma entrevista ao programa Newsnight da BBC emitida na noite de sexta. Nusaybah disse que o amigo foi praticamente “assediado” pelos serviços internos, que o abordaram insistentemente ao longo de pelo menos meio ano. Nenhuma fonte oficial confirmou estas alegações.
Surpreendentemente, após a entrevista, Abu Nusaybah, de 31 anos, foi detido pela polícia metropolitana, por suspeita de conspiração para actos terroristas. As autoridades disseram que as queixas pendentes contra ele não estavam ligadas aos acontecimentos de quarta-feira, que culminaram com a morte do militar, um fuzileiro de 25 anos que já tinha cumprido dois destacamentos na guerra do Afeganistão. A polícia disse ainda que dois mandados de busca estavam a ser executados em residências do leste de Londres.
Segundo o jornal The Guardian, o interesse da polícia em Abu Nusaybah tem a ver com a sua ligação à organização islamista Al-Muhajiroun, fundada pelo extremista sírio Omar Bakri Mohammed, que foi banida pelo Governo britânico ao abrigo da legislação antiterrorismo. Terá sido aí que Michael Adebolajo, um cidadão britânico de ascendência nigeriana, iniciou a sua radicalização.
Para Abu Nusaybah, a explicação para a “mudança” no seu amigo reside numa viagem ao Quénia no ano passado, da qual Michael Adebolajo voltou profundamente alterado. Nusaybah disse que Michael tinha ido para o Quénia com a intenção de estudar, mas em circunstâncias que não soube explicar acabou por ser detido por tropas quenianas.
Durante a detenção, Adebolajo terá sido brutalmente agredido. Abu Nusaybah estimou que, além dos espancamentos, o amigo tivesse sido vítima de abusos sexuais. “Ele disse que lhe tinham feito coisas que ele tinha muita vergonha de contar”, declarou. “Ele voltou um homem sombrio, menos falador”, recordou.
No regresso a Londres, Michael Adebolajo foi entrevistado pelo MI5. “Não paravam de bater à porta dele. Queriam perguntar-lhe se ele conhecia determinadas pessoas. Quando ele disse que não conhecia, perguntaram-lhe se estava interessado em trabalhar para eles. Ele foi muito explícito quando lhes disse que não estava interessado.”