Republicanos acusam Obama de "acarinhar ditadores e tiranos"

Líderes do Partido Republicano nas duas câmaras do Congresso podem travar nomeações para embaixador dos EUA em Havana e fundos para a abertura de uma embaixada.

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Barack Obama e Raúl Castro no funeral de Nelson Mandela, há um ano Kai Pfaffenbach/Reuters (Arquivo(

As fortes críticas à reaproximação entre Washington e Havana surgiram de vários cantos dos Estados Unidos, mas as mais significativas saíram da Florida, um estado crucial para as eleições presidenciais norte-americanas e pátria de muitos exilados cubanos, entre eles os pais do senador republicano Marco Rubio, que chegaram a Miami três anos antes de Fidel Castro ter derrubado Fulgencio Batista, no final da década de 1950.

"Esta ideia de que vai haver uma abertura democrática por podermos viajar mais para Cuba e vender mais produtos aos consumidores é simplesmente absurda. Mas está em conformidade com as decisões unilaterais desta Administração em troca de absolutamente nada", criticou Rubio numa entrevista à estação norte-americana Fox NewsRubio foi mais longe e acusou Obama de "acarinhar ditadores e tiranos" e de "pôr um preço aos americanos que estão no estrangeiro", numa referência à troca de prisioneiros entre os dois países.

Também o senador republicano Ted Cruz, filho de um antigo companheiro de armas de Fidel Castro que mudou de ideias ainda antes da queda do ditador Fulgencio Batista e acabou por fugir para o Texas em 1957, criticou o estender de mãos entre Barack Obama e Raúl Castro.

"O acordo que a Administração Obama fez com o regime dos Castro não fez nada para solucionar o problema de fundo. Na verdade, agravou-o", disse Cruz, repetindo a ideia que une os críticos da reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba – a de que só poderá haver uma reaproximação depois de Cuba realizar eleições democráticas, sem a presença de qualquer Castro, e numa economia favorável à iniciativa privada.

A torrente de críticas republicanas à mudança de política em relação a Cuba tem também como pano de fundo as eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. Para além do senador Marco Rubio, também o governador da Florida, Jeb Bush, procurou ocupar o espaço da indignação da comunidade cubana, tendencialmente crítica do regime cubano.

"Cuba é uma ditadura com um historial de direitos humanos desastroso, e agora o Presidente Obama premiou esses ditadores. Em vez disso, devíamos estar a desenvolver os esforços necessários para realmente pôr Cuba no caminho de uma verdadeira democracia", escreveu no Facebook o irmão mais novo do antigo Presidente George W. Bush, filho do antigo Presidente George H. W. Bush e mais do que provável candidato à Casa Branca em 2016.

Quanto aos efeitos práticos da oposição às medidas anunciadas por Barack Obama em relação a Cuba, será preciso esperar mais umas semanas, até que o Partido Republicano assuma a maioria nas duas câmaras do Congresso. A guerra já foi declarada, e o Congresso tem armas suficientes para frustrar (ou, pelo menos, para adiar) os planos da Casa Branca, como a reprovação de qualquer nome para o cargo de embaixador dos EUA em Havana.

O speaker da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, deixou claro que "as relações com o regime castrista não devem ser reavaliadas, e muito menos normalizadas, até que o povo cubano tenha liberdade – e nem um segundo antes disso"; o próximo líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, apoiou as críticas de Marco Rubio, que descreveu como "a pessoa que sabe mais deste assunto do que qualquer outra no Senado"; e o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, não poderia ter sido mais directo: "Farei tudo o que estiver ao meu alcance para impedir o uso de fundos para a abertura de uma embaixada em Cuba. Normalizar as relações com Cuba é uma má ideia numa má altura."

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