Repetir uma imagem para resgatar um massacre do esquecimento
Um mês depois do massacre de Garissa, 84 estudantes da Universidade de Pádua (Itália) juntaram-se para recordar as vítimas do ataque.
Essa outra fotografia, partilhada inicialmente no Twitter no dia 2 de Abril, mostrava dezenas de estudantes estendidos no chão do pátio da Universidade de Garissa, no Quénia. Eram algumas das 147 vítimas de um massacre perpetrado pela milícia islamista Al-Shabab.
A notícia correu mundo mas o impacto não foi duradouro. Um mês depois do massacre de Garissa, 84 estudantes juntaram-se para recriar essa imagem no átrio da Universidade de Pádua, uma das mais antigas no mundo. Uma “provocação”, como o centro de comunicação italiano Fabrica assume, que procura “recordar e mostrar solidariedade” para com as vítimas deste massacre, na sua maioria cristãos.
A iniciativa #weareallstudents, promovida pela Fabrica, procurou reavivar essa memória recente: “o ataque à sede do jornal satírico Charlie Hebdo, com as suas doze vítimas, gerou uma onda global de identificação e indignação, enquanto que a morte de 147 estudantes provocou uma sensação de horror passageiro, como um sentimento de algo que dificilmente nos afecta a todos”.
Na origem desta acção está numa crónica do escritor italiano Paolo Giordano, publicada em Abril no jornal Corriere della Sera. O autor de “A Solidão dos Números Primos” sugeria transportar a imagem do massacre para uma universidade europeia e perceber o que mudava na percepção das pessoas.
Agora que a imagem foi recriada, Giordano já a considerou “um gesto para redescobrir o sentimento de compaixão e contra a indiferença”.
Esta não foi a primeira manifestação de solidariedade para com as vítimas do massacre de Garissa realizada num ambiente universitário. Ainda em Abril, poucos dias depois do ataque, 147 alunos da Universidade de Zagreb deitaram-se em frente ao edifício durante 147 segundos para homenagear as vítimas.