Dhlakama “está” em Moçambique mas só fala com Guebuza se houver segurança estrangeira
“Dentro em breve voltará a falar para o seu precioso povo”, disse o secretário-geral dos antigos rebeldes, que esteve fugido com o líder, até há uma semana.
O anúncio foi feito esta segunda-feira em Maputo pelo secretário-geral, Manuel Bissopo, que estava com Dhlakama no dia 21 de Outubro, quando o Exército ocupou a principal base da antiga guerrilha - Satungira, na província de Sofala. O líder “está bem de saúde”, disse. Questionado sobre as condições necessárias para um encontro referiu-se a “forças estrangeiras”.
A Renamo acusa o Governo de, com o ataque a Satungira, ter tentado assassinar o seu líder.
“Não saiu para nenhum país. Ele está dentro do país e acompanha atentamente o desenrolar dos acontecimentos da vida política, económica e social”, afirmou, numa conferência imprensa, na sede da antiga guerrilha. Manuel Bissopo disse ter estado com Dhlakama até há uma semana.
“Ele mandou-me para aqui, para explicar aos moçambicanos que está bem e dentro em breve voltará a falar para o seu precioso povo.”
No ataque a Satungira, Afonso Dhlakama “retirou-se da sua residência para evitar danos humanos”, disse o secretário-geral. “Saiu a andar e deixou todos os seus bens. As casas e a sala de conferências foram queimadas”, acrescentou.
“O bom é que o Presidente está bem de saúde. O azar é termos perdido o chefe da mobilização nacional, o deputado Milaco”, afirmou. Na sequência da ocupação de Satungira viria a morrer o deputado Armindo Milaco, por ferimentos sofridos.
“Foi bom a Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] ter mandado atacar Satungira porque aquilo constituiu uma grande prova dos argumentos que o meu Presidente dizia que não podia sair de Satungira senão a Frelimo atacaria. Os seus argumentos não eram percebidos, mas o ataque veio a provar”, disse Bissopo.
O secretário-geral da Renamo manifestou disponibilidade para negociações com o Governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) mas só na presença de “mediadores nacionais e internacionais”. O executivo considera que estão em discussão “assuntos domésticos” e só declarou disponibilidade para aceitar a presença de observadores nacionais, confirmou ao PÚBLICO o chefe da sua delegação governamental às negociações, o ministro José Pacheco.
A entrada de forças governamentais em Satungira foi, em termos políticos, a mais séria ameaça à paz em Moçambique desde os acordos de paz de 1992. Nos últimos meses, acções militares do Governo e da Renamo acentuaram os receios de regresso a uma guerra civil que o país viveu durante 16 anos, até 1992